quarta-feira, novembro 02, 2011
O PALHAÇO
O travelling final é lindo. Os enquadramentos são de um rigor impressionante, parecem pinturas. A homenagem assumida ao personagem Didi Mocó também conta pontos a favor do filme. E há a participação mais do que especial de Moacyr Franco como um delegado de uma cidadezinha. Simplesmente genial. São pouquíssimos minutos de participação, mas o suficiente para transformar sorrisos amarelos em gargalhadas. Mas O PALHAÇO (2011) parece didático demais ao expor a situação do palhaço vivido pelo ator e diretor Selton Mello: "eu faço as pessoas rirem, mas quem me faz rir?". Além de didático, traz um discurso de comiseração.
Esse flerte com o depressivo aparecia com força acentuada em FELIZ NATAL (2008), o longa-metragem anterior de Selton. Em O PALHAÇO ele dá uma suavizada, mas fica clara a distinção entre o que ele mostra em seus filmes como diretor e seus trabalhos como ator, em sua maioria, ligados à comédia.
Um dos problemas que eu vejo no filme está no fato de que os palhaços, pelo menos inicialmente, não têm muita graça, embora a câmera mostre o público rindo, através de closes múltiplos. O personagem do pai, vivido por Paulo José, passa uma fragilidade que naturalmente é em consequência do Mal de Parkinson que o atingiu há alguns anos. Mas há momentos em que ele passa uma vitalidade impressionante, como se tivesse recuperado todas as forças.
Já a trajetória existencial do palhaço sem carteira de identidade – e isso é um dado que não é gratuito, lembra inclusive o protagonista de O HOMEM QUE VIROU SUCO, nesse sentido – é interessante, mas de pouco impacto. Ou, digamos, mais sutil, como preferem dizer alguns, especialmente os fãs mais apaixonados do filme, que creio não serem poucos.
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