segunda-feira, agosto 29, 2011
COMIC BOOK CONFIDENTIAL
Quem me conhece de longa data já deve ter ouvido eu contar do dia em que descobri a leitura. Talvez até já tenha escrito a respeito aqui no blog, mas não lembro. O fato é que eu tinha por volta de cinco ou seis anos, quando escrevia nas paredes da minha casa o meu próprio nome. Até que, ao pronunciar as primeiras letras do meu nome, veio como um estalo. Era como se eu tivesse me esquecido de algo e de repente lembrava. Algumas pessoas até dizem que aprender é relembrar, embora eu veja isso como uma referência à reencarnação. Enfim, logo após a descoberta, corri para contar a novidade à minha mãe, que não comemorou tanto quanto eu. E eu corri para uma caixa de revistas em quadrinhos que estava em cima do guarda-roupa. Devo ter passado o dia inteiro lendo as revistas, a maioria da Disney.
Só por esse pequeno e resumido parágrafo, dá para notar a força e a importância que os quadrinhos tiveram em minha vida. E ainda têm até hoje, pois ainda acompanho alguns títulos da Marvel e compro alguns encadernados de outras editoras. Os quadrinhos estão cada vez mais saindo das bancas e se instalando nas livrarias. E, assim como prevê Milo Manara, parece ser esse o futuro da nona arte. Mas sem querer me alongar, falemos um pouco do documentário COMIC BOOK CONFIDENTIAL (1988), que narra um pouco da história em quadrinhos nos Estados Unidos, desde o seu surgimento na década de 1930 até meados dos anos 1980, quando Frank Miller reinventou o Batman em "Batman – O Cavaleiro das Trevas" e "Batman – Ano Um".
Aliás, uma das coisas mais interessantes do documentário é poder ver grandes mestres dos quadrinhos dando depoimentos. Homens como Stan Lee, Charles Burns, Robert Crumb, Will Eisner, Jack Kirby, Harvey Pekar e Art Spielgelman mostram suas caras, além de outros artistas que eu não conheço o trabalho e que representam um tipo de quadrinho mais underground. Inclusive, duas mulheres mostram que nem sempre os quadrinhos são uma arte dominada por homens.
Resumindo o filme, nos anos 30, a popularização dos quadrinhos veio com Superman e Batman. Will Eisner cria o Spirit como tira de jornal. Jack Kirby passa a criar seus quadrinhos de forma independente. Na década de 40, é tempo de guerra e surge o Capitão América. Depois da guerra, quadrinhos mais leves como os de Archie, Luluzinha e os da Disney surgem. Assim como os quadrinhos de horror da EC Comics. Foi quando começaram os ataques aos quadrinhos. Acusavam-nos de serem prejudiciais às crianças. Na verdade, os ataques já começavam desde quando criaram o Superman, pois acreditava-se que alguma criança poderia querer experimentar voar e morrer. (De todo modo, eu quando criança, lembro de ter ficado chocado com a cena da morte da Elektra pelas mãos do Mercenário.)
Depois do código que trouxe a censura para os quadrinhos, surge a Mad, trazendo anarquia e ridicularizando a tudo e a todos. Na década de 1960, voltam os super-heróis, tanto da DC quanto as criações de Stan Lee, que vinham com um tom mais realista que o da concorrente. Também na década de 60, surgem exemplares mais alternativos como Robert Crumb e seu gato Fritz. O filme ainda fala de Harvey Pekar (“American Splendor”), "Love and Rockets", "Girls and Boys", "Raw" e "Maus", de Art Spielgman, Charles Burns (do qual tive o prazer de ler recentemente "Black Hole", obra-prima) e finalmente Frank Miller.
Fica a impressão de ter faltado muita coisa. E realmente faltou. Uma hora e meia é pouco para contar uma história tão rica. Mas o filme é uma boa e rápida viagem pelo trabalho de muita gente que acreditava que os quadrinhos tinham futuro. Não é para menos que o filme termina com um depoimento de Will Eisner, o primeiro a pensar os quadrinhos como uma arte avançada, próxima a um romance.
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