quinta-feira, agosto 18, 2011

CAMINHO DA LIBERDADE (The Way Back)



Depois de sete anos afastado das telas, bem que Peter Weir poderia ter voltado com um trabalho mais pungente. Não que CAMINHO DA LIBERDADE (2010) não seja bom. Apenas não faz jus à carreira de um diretor que tem no currículo obras como SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (1989), SEM MEDO DE VIVER (1993) e A TESTEMUNHA (1985). Sem falar nos elogiados filmes da fase australiana, que eu tanto adio para ver. Mas uma coisa CAMINHO DA LIBERDADE tem em comum com todos os seus filmes, seu aspecto humano.

O filme acompanha a longa jornada que um grupo de prisioneiros do Gulág soviético fizeram ao escapar de uma prisão cuja maior dificuldade de fugir era justamente por causa da natureza. A jornada do pequeno grupo parte da Sibéria, passa pelo deserto da Mongólia, pelas cordilheiras do Himalaia no Tibete, até chegar na Índia. É um caminho que, além de longo, é tortuoso e selvagem e que, como podemos ver no filme, poucos conseguem sobreviver. A lei do mais forte aqui se aplica.

CAMINHO DA LIBERDADE também é um filme de grandes interpretações. Jim Sturges é o mais próximo de um protagonista. Ele faz um personagem generoso, ao contrário de Ed Harris, que acha que para sobreviver é preciso ser um tanto quanto egoísta. Colin Farrell é que não está muito bem como um prisioneiro criminoso, que vive manipulando sua faca para mostrar poder. Ficou um pouco caricato e deixou a desejar em comparação com os demais. Saoirse Ronan é uma garota que encontra o grupo de fugitivos no caminho e decide segui-los. Isso para ficar apenas entre os atores mais conhecidos.

Apesar de a trama ser bem conduzida e de CAMINHO DA LIBERDADE ser um filme no qual o percurso é mais importante do que o seu fim, fica difícil não ficar um tanto desapontado com o resultado final. No final, percebe-se a intenção de mostrar os soviéticos como monstros quase tão desprezíveis quantos os nazistas. Talvez até o filme tenha razão, mas chutar comunistas hoje é mais ou menos como chutar cachorro morto. Se o filme fosse realizado na época da Guerra Fria, com certeza não seria bem recebido pelos intelectuais de esquerda e ganharia maior visibilidade.

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