segunda-feira, abril 05, 2010

A MULHER PÚBLICA (La Femme Publique)























Impressionante como apenas algumas fotos ou pequenos clipes de um filme são suficientes para me deixar interessado. No caso, o objeto de atração é a presença estonteante de Valérie Kaprisky, que eu nem me lembrava que era a francesinha cheia de sex appeal do ótimo A FORÇA DO AMOR, de Jim McBride, lançado um ano antes deste A MULHER PÚBLICA (1984), de Andrzej Zulawski. Só mesmo a presença quase sempre nua ou com pouca roupa de Valérie para fazer com que eu chegasse até o final deste filme sem pé nem cabeça.

E olha que eu gosto de filmes cabeçudos. Sou fã de Khouri, Lynch, Brialy. Todos eles apelam vez ou outra para as sublimes formas femininas e para o erotismo, mas eles vão muito além disso, chegando a tangenciar o erotismo com a metafísica. Não é o caso de Zulawski. Pelo menos, não deste A MULHER PÚBLICA, segundo trabalho que vejo do diretor - o primeiro havia sido POSSESSÃO (1981). Claro que há muitas coisas interessantes. As tomadas da câmera perseguindo Valérie estão entre os melhores momentos do filme. Depois, claro, das cenas da moça dançando nua, com uma desenvoltura e uma graciosidade impressionantes.

É como se Zulawski fizesse o filme para ela. Pouco importa a trama. Pouco importa se faz sentido para ele ou para nós. Mas o mínimo que eu queria do filme era sentir. Mesmo sem entender. Não apenas sentir tesão ou algo próximo disso por causa das cenas de sexo, mas entrar em sintonia com o que o cineasta supostamente queria dizer.

Até fazer uma sinopse do filme se torna uma tarefa hercúlea. Vemos uma moça aspirante a atriz que conhece um sujeito cretino que é um dos manda-chuvas da produção. Há uma mistura com a situação política da época, envolvendo a crise no Líbano e ataques terroristas e outras situações ainda mais difíceis de entender, envolvendo os personagens, os dois homens que se envolvem física e afetivamente com a protagonista. Mas de que adianta pensar na trama se o que eclipsa tudo é o corpo maravilhoso de Valérie Kaprisky? É a sua sexualidade que transborda a tela e mexe com os corações e outros músculos do nosso corpo? É Valérie a razão de ser de A MULHER PÚBLICA. Sorte do diretor.

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