segunda-feira, novembro 09, 2009

OS FANTASMAS DE SCROOGE (A Christmas Carol)






















Robert Zemeckis parece estar mesmo obcecado pela técnica de captura de performance, que utilizou em O EXPRESSO POLAR (2004) e em BEOWULF (2007) - seu último trabalho convencional foi NÁUFRAGO (2000). E a cada nova incursão pelo terreno dessa nova maneira de fazer animação, o recurso vai ficando cada vez mais sofisticado e realista. OS FANTASMAS DE SCROOGE (2009) é um exemplo claro disso. Muita gente pode até não gostar do filme, mas não há como não perceber o quanto a técnica evoluiu, agora pegando carona no 3D.

O próprio Zemeckis teve a pretensão de dizer que a sua versão para "Um Conto de Natal", de Charles Dickens, seria a versão definitiva da famosa novela do escritor inglês. Se o filme parece simplista e moralista, isso talvez seja culpa da fidelidade à obra original, que tem mesmo esse tom infantil e cartunesco de contar uma história com uma moral, sobre um velho ranzinza e avarento que terá de aprender uma lição através da intervenção de fantasmas.

É uma história conhecidíssima, que já foi contada das mais diversas maneiras. Inclusive, uma delas foi bem recente, na comédia romântica MINHAS ADORÁVEIS EX-NAMORADAS. E talvez esse seja um dos principais fatores que depõem contra o filme. Por isso, a novidade em contá-la através de uma animação em 3D e utilizando tecnologia de ponta conte pontos. Mas é preciso bem mais do que técnicas avançadas para fazer um grande filme. A criatividade e a capacidade de criar uma atmosfera de magia está acima de tudo.

Ainda assim, OS FANTASMAS DE SCROOGE tem os seus méritos. Entre eles, a participação quase onipresente de Jim Carrey, que faz não apenas o velho Scrooge, mas também os vários fantasmas e as várias vezes em que aparece mais jovem. Nesse sentido, o recurso de captura de performance cai como uma luva, brincando com o rosto do ator conforme a necessidade. Outro ponto positivo é o respeito à obra de Dickens, cujas primeiras palavras são citadas logo no início do filme, enquanto vemos um livro sendo aberto. Pena que o resultado final, mesmo com tanto luxo, seja frio como o inverno apresentado no filme. Ao menos, sob as lentes dos óculos 3D, essa frieza pode ser sentida pela neve que parece cair constantemente em nossos olhos.

P.S.: Antes do filme de Zemeckis, pude ver em 3D o trailer de AVATAR, de James Cameron. E com legendas. Será que teremos cópias legendadas do filme? Seria uma boa. Isto é, se não causar efeitos nocivos à nossa visão. Ainda me sinto uma cobaia sempre que entro numa sala 3D.

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