sexta-feira, fevereiro 13, 2009

MALDITO – O ESTRANHO MUNDO DE JOSÉ MOJICA MARINS























Fiquei um tanto decepcionado com o documentário MALDITO – O ESTRANHO MUNDO DE JOSÉ MOJICA MARINS (2001), que André Barcinski e Ivan Finotti, os mesmos caras que escreveram a excelente biografia de Mojica, assinam como diretores. No livro, os autores não se incomodam em mostrar os podres do cineasta e vários detalhes de sua vida amorosa, bem como todas as mentiras que ele inventava para se autopromover, além de curiosidades sobre os bastidores das filmagens. "Maldito", o livro, é uma delícia, uma das melhores biografias que já li de alguém, além de ser uma aula de história do cinema e de sua época, oferecendo momentos em que é inevitável o riso e até as gargalhadas. O documentário me pareceu meio chapa-branca. Evita mostrar as presepadas do Mojica e ainda por cima, comete a falha de dar um salto temporal entre RITUAL DOS SÁDICOS/O DESPERTAR DA BESTAR e 24 HORAS DE SEXO EXPLÍCITO. Quer dizer: deixaram quinze anos de história do cineasta para trás, justamente os quinze anos mais frágeis de sua obra, mas não menos importantes do ponto de vista biográfico – não falando, portanto, das aventuras de Mojica pelo terreno das pornochanchadas da Boca do Lixo na década de 70. E, levando em consideração que o documentário só tem uma hora e pouco de duração, daria para eles preencherem com muito mais detalhes sobre a vida e a obra do homem.

Para quem já viu todos os DVDs lançados pela CineMagia, com todos os extras e comentários em áudio, além do citado livro "Maldito", o documentário não oferece muitas novidades. Mojica conta a velha história do batateiro que teve catalepsia e acordou em pleno velório, fala do sonho que foi a gênese para a criação do Zé do Caixão e fala da chamada maldição de que, em todo filme seu, há sempre alguém que morre. Ele trata de desmistificar essa história e diz que foi tudo coincidência e que o único momento realmente de nota aconteceu durante a morte de um de seus técnicos, durante as filmagens de ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER.

O documentário usa de forma inteligente a estética dos filmes de Mojica, tanto nos créditos de abertura quanto nos de encerramento e mostra cenas dos melhores trabalhos: os dirigidos na década de 60, além de uma cena de FINIS HOMINIS – O FIM DO HOMEM. Há depoimentos de Nilce, de pessoas da família, de técnicos que trabalharam com ele e de seu assistente Satã. Há também imagens de arquivo de quando ele foi homenageado na Espanha, nos anos 70, e foi comparado por alguns jornalistas com Luis Buñuel. Mas melhor mesmo foi a leitura dos capítulos finais do livro, que mostram as presepadas de Mojica nos Estados Unidos, quando foi descoberto pelos americanos e teve seus filmes lançados em VHS pela Something Weird.

Para encerrar, então, minha peregrinação pela obra de Mojica, segue meu top 10:

1. À MEIA-NOITE LEVAREI SUA ALMA (1964)
2. ESTA NOITE ENCARNAREI NO TEU CADÁVER (1967)
3. O DESPERTAR DA BESTA / RITUAL DOS SÁDICOS (1969/1983)
4. O ESTRANHO MUNDO DE ZÉ DO CAIXÃO (1968)
5. ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO (2008)
6. PESADELO MACABRO (episódio de TRILOGIA DO TERROR) (1968)
7. EXORCISMO NEGRO (1974)
8. PERVERSÃO / ESTUPRO! (1979)
9. FINIS HOMINIS – O FIM DO HOMEM (1971)
10. 24 HORAS DE SEXO EXPLÍCITO (1985)

P.S.: Falando em presepada, viram a entrevista de Joaquin Phoenix para o programa do David Letterman? Ele está irreconhecível e a "entrevista" vai entrar para a história do programa.

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