quinta-feira, fevereiro 26, 2009

HALLOWEEN






















É fácil simpatizar com Rob Zombie. Principalmente quem gosta de cinema de horror. Desde que ele se tornou conhecido mundialmente como vocalista da banda White Zombie que se notou o seu interesse por filmes do gênero. O próprio nome da banda não negava. Mas o legal é que ele levou isso mais longe, passando a dirigir filmes e alcançando o seu auge criativo com o segundo trabalho, REJEITADOS PELO DIABO (2005), uma mistura de filme de horror com policial setentista. E foi nos anos 70 que Zombie foi buscar a fonte para o seu terceiro longa-metragem, dando origem a HALLOWEEN (2007), refilmagem do clássico de John Carpenter, datado de 1978. Confesso que não sou entusiasta do filme de Carpenter e nem cheguei a ver nenhuma de suas continuações. Por isso, a possibilidade de eu gostar da refilmagem de Zombie não era remota. E quase que Zombie conseguiu fazer com que eu gostasse de seu filme. Gostei de um terço dele: justamente a parte que é menos explorada na obra de Carpenter, que é a infância de Michael Myers.

Zombie já tem um histórico interessante em sua curta carreira em trabalhar com famílias disfuncionais. Assim, não é de se espantar que ele queira ter enfatizado a infância de um dos psicopatas mais famosos do cinema. Não acredito que Zombie tivesse o intuito de dissecar a personalidade do assassino, mas de explorar algo que é ainda mais assustador: uma criança cheia de maldade na alma. Uma maldade que por mais que se procure, não se encontra uma razão, por vias sociológicas. As primeiras cenas do jovem Myers matando primeiramente o seu colega de escola e depois membros de sua família são bem fortes. Não sei se o fato de eu ter visto uma versão uncut do filme tenha tornado tudo mais pesado. Por isso, os primeiros quarenta minutos de filme são bem interessantes.

Depois, quando Myers foge do sanatório onde está preso e sai matando por aí, o filme vira um slasher vagabundo. Como se não interessasse mais para Zombie aquele filme. Como se o mais importante já tivesse sido contado. A bela e gostosa Sheri Moon Zombie aparece no filme como a mãe do assassino, que trabalha para criar os filhos num inferninho como stripper e prostituta. Enquanto isso, o jovem Myers, já desde pequeno, gostava de matar animais indefesos. O que já denunciava um caso patológico, mas que não pôde ser tratado a tempo pela mãe. Foi preciso que houvesse um massacre em sua casa para que se percebesse o grau de periculosidade de Myers. Malcom McDowell, o nome mais conhecido do elenco, interpreta o papel que no original foi de Donald Pleasance, o do psiquiatra que estuda a mente do psicopata desde a sua infância. E se o filme de Carpenter era uma homenagem aos gialli, especialmente a Dario Argento, Zombie encontra ecos no "horror rural" dos anos 70, tipicamente americano.

Quem espera do filme apenas um slasher vulgar, com muito sangue e algumas cenas de nudez, pode não ficar tão decepcionado. Mas quem já esperava algo tão bom quanto REJEITADOS PELO DIABO – como a maior parte daqueles que esperavam isso de Zombie - vai quebrar a cara. Uma pena saber que Zombie está filmando uma continuação. Quer dizer, o que poderia ser um cineasta promissor e mais um nome a encabeçar a lista dos grandes cineastas de horror pode acabar se perdendo pelo caminho com uma franquia requentada e sem graça. Antes disso, porém, Zombie já tem pronto um projeto mais interessante: a animação THE HAUNTED WORLD OF EL SUPERBEASTO, baseada nos quadrinhos criados por ele mesmo e já no ponto para ser lançada.

P.S.: Quem mais está acompanhando LOST? O mais recente episódio, "The Life and Death of Jeremy Bentham", se não é o meu favorito da temporada (gostei mais dos dois anteriores), me deixou ainda mais instigado quanto aos rumos da série. E Benjamin Linus continua sendo um dos personagens mais enigmáticos e interessantes da trama.

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