terça-feira, fevereiro 10, 2009
APPALOOSA – UMA CIDADE SEM LEI (Appaloosa)
Fazia tempo que não via um western tão bom no cinema. Mas também, trata-se de um gênero fora de moda, que só por insistência de algumas mentes brilhantes e teimosas ainda continua sendo, vez ou outra, trazido à tona. Deve ser o melhor filme do gênero que vi no cinema desde o maravilhoso PACTO DE JUSTIÇA, de Kevin Costner. E quem gosta do gênero sabe o quanto é importante ter a chance de ver um na telona, de preferência em película. Recentemente tivemos OS INDOMÁVEIS, de James Mangold, mas não gostei tanto assim do filme, talvez por tê-lo comparado ao original, mas não creio que foi por isso. Já APPALOOSA – UMA CIDADE SEM LEI (2008), segunda experiência na direção de Ed Harris, é um filme que bebe claramente da fonte de John Ford. Basta ver as cenas de Virgil Cole, o personagem de Ed Harris, e seu parceiro, Everett Hitch (Viggo Mortensen, mais uma vez excepcional), sentados e descansando num varanda, que lembramos de imediato de PAIXÃO DE FORTES, do "Homero americano". E assim como no clássico de Ford, há em APPALOOSA uma mulher em jogo, embora a atriz não tenha sido a mais feliz das escolhas do elenco: Renée Zellweger, essa moça que além de ter o nome complicado de escrever, tem aquela cara de quem está chupando limão o tempo inteiro. Diria que se fosse uma atriz mais atraente, APPALOOSA seria um filme melhor ainda.
Mas nos contentemos com o que a gente tem, que já é lucro. O filme renova o velho tema dos homens contratados para protegerem uma cidade de um vilão perverso, aqui representado por um Jeremy Irons, que larga aquela fleuma inglesa e se mostra bem mais versátil em papel de bandido do velho oeste. Ele é uma espécie de coronel de uma região do Novo México que no começo do filme mostra que está acima da lei, ao matar o xerife que veio prender dois de seus homens. Com o desaparecimento do xerife, os líderes políticos da cidade contratam os serviços de dois profissionais que já chegam com um contrato que os nomeia como donos da lei da cidade. Virgil e Everett, além de rápidos no gatilho, têm peito para enfrentar qualquer oponente, não têm medo da morte e parecem de confiança. Além do mais, eles têm o seu código de ética e só matam se necessário.
O que desestabiliza a ordem da situação é a vinda de uma mulher, que mexe com o coração de Virgil, um homem maduro mas que não tem muita experiência com mulheres que não sejam prostitutas ou índias. Ele naturalmente fica interessado na loira, mesmo quando ela se mostra de pouca confiança. APPALOOSA quase torna a personagem de Zellweger uma mulher digna de desprezo e, assim, o filme ficaria até com fama de misógino, mas sua personagem tem a chance de mostrar o seu lado da questão em determinada cena do filme, o que de certa forma a redime, embora, como é de praxe no western, o senso de camaradagem entre os homens seja bem mais valorizado. E embora o personagem de Ed Harris pareça interessado numa aposentadoria tranquila ao lado de uma mulher cheirosa, seu parceiro ainda tem gás suficiente para continuar a sua jornada de pistoleiro solitário, como astros como John Wayne e Clint Eastwood tão bem souberam imprimir nas telas. Grande filme com um puta final: um tiroteio que eleva a obra de Harris à lista dos melhores westerns dos últimos trinta anos.
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