sexta-feira, setembro 28, 2007

O VIGARISTA DO ANO (The Hoax)



O que mais me incomodou - ou me chamou a atenção - em O VIGARISTA DO ANO (2006) foi a coragem - ou a cara de pau - do protagonista de armar uma farsa tão fácil de ser descoberta. Não se trata aqui de roubar dinheiro na surdina e sair ileso, mas de forjar uma autobiografia de um homem muito famoso e ainda vivo (na época) como Howard Hughes para ganhar uma fortuna com os editores. Nesse sentido, o filme de Lasse Hallström, apesar de ser um pouco insosso como geralmente são os filmes do diretor, até que tem a sua força. Entre os pontos positivos, está a escolha do canastrão Richard Gere no papel do farsante escritor Clifford Irving, que para levantar sua carreira decadente finge que foi contratado pelo "aviador maluco" para escrever a sua biografia. Naquela época, Hughes já tinha se tornado um mito por sua história e sua misteriosa reclusão. O milionário não concedia entrevistas a nenhum jornal ou revista há muito tempo.

A história de Irving é tão incrível que a gente até duvida que um homem de verdade tenha mesmo conseguido ir tão longe numa farsa dessas. Não sei o quanto foi enfeitado para a realização do filme, mas acredito que boa parte do que é contado seja verdade. Muito do interesse do filme está na figura mítica de Hughes, que se tornou ainda mais popular às novas gerações graças a O AVIADOR, de Martin Scorsese. Com certeza, se O VIGARISTA DO ANO tivesse sido produzido antes do filme de Scorsese não teria tido metade da repercussão. Se bem que "repercussão" é força de expressão nesse caso, dado a trajetória discreta do filme nos cinemas.

Entre os personagens coadjuvantes, bom mesmo é ver Julie Delpy em trajes sensuais, no papel de Nina Van Pallandt, a amante de Irving. Quem é fã da atriz vai gostar. Fuçando sobre o filme no IMDB, fiquei surpreso ao saber que Richard Gere contracenou com a própria Nina Van Pallandt em GIGOLÔ AMERICANO (1980), de Paul Schrader. A história da farsa de Irving havia sido contada de maneira bem mais breve em VERDADES E MENTIRAS (1974), de Orson Welles.

P.S.: Chegou ontem o meu exemplar da Paisà! A surpresa foi ver a participação do nosso amigo Leandro Caraça no ensaio "Por dentro da Grindhouse". Ainda bem que chamaram a pessoa certa para escrever sobre o assunto. Outros destaques: entrevistas com João Batista de Andrade e Carlos Cortez, matéria sobre André Techiné com filmografia comentada, tops França 1982-2007, o centenário de John Wayne, entre outras coisas. Na seção de lançamentos em dvd, fiquei bastante interessado em O ÚLTIMO BRILHO DO CREPÚSCULO, do Robert Aldrich, lançado pela Ocean. Será que o dvd já apareceu no saldão das Americanas e a gente pode adquirí-lo por uma dez pilas, hein?

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