quinta-feira, agosto 02, 2007
O VIOLINO (El Violín)
O início de O VIOLINO (2005) já chama a atenção. Numa estilosa fotografia em preto e branco e em tom semi-documental, vemos um pequeno grupo de fazendeiros sendo torturados por militares. Após uma rápida cena de estupro, iniciam-se os créditos. Depois, somos apresentados aos personagens principais: Don Plutarco (Don Angel Tavira, vencedor de um prêmio de ator em Cannes), seu filho Genaro e seu neto Lucio. Don Plutarco, apesar de ter uma de suas mãos amputadas, consegue tocar violino muito bem. Eles mantêm uma vida dupla: são ao mesmo tempo músicos e fazendeiros que também fazem a sua parte numa guerrilha clandestina. O lugar e o tempo não são mencionados, mas pela música, pelas roupas e principalmente pela nacionalidade do filme imagina-se tratar do México nos anos 70, década em que praticamente todos os países latino-americanos foram vítimas de uma ditadura militar.
Se no início, o filme não me animou tanto, aos poucos ele foi me conquistando. Uma das cenas mais memoráveis é aquela em que o filho de Don Plutarco vai até um bar para conseguir uma arma de fogo. As tomadas tanto de dentro quanto de fora do bar nessa seqüência são notáveis. Aos poucos o filme vai centrando a atenção no personagem de Don Angel Tavira, um senhor tão simpático que nos faz lembrar de nossos avós. Quando os militares invadem a vila, Don Plutarco tenta usar de sua aparência humilde e, principalmente, de seus dotes de músico para ajudar os guerrilheiros a conseguir munição.
Don Angel Tavira toca violino desde os seis anos, tendo perdido a mão num acidente aos treze anos de idade. Antes desse filme ele já havia sido tema de um documentário dirigido pelo mesmo Francisco Vargas chamado TIERRA CALIENTE...SE MUEREN LOS QUE LA MUEVEN (2004). A trajetória de O VIOLINO é curiosa. O filme foi apresentado pela primeira vez no Festival de Cannes com uma duração de 40 minutos. Com o sucesso do curta, o diretor foi encorajado a transformá-lo em um longa. Assim, ele convidou todo o elenco envolvido e preparou novas cenas. Ao voltar a Cannes no ano seguinte, o filme foi recebido com entusiasmo pelo público do festival. Pena o filme não estar recebendo uma repercussão maior no circuito alternativo brasileiro.
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