sexta-feira, agosto 24, 2007
MARCAS DA VIDA (Red Road)
A princípio, MARCAS DA VIDA (2006) parece seguir um caminho influenciado por filmes como UM TIRO NA NOITE, de Brian De Palma, ou A CONVERSAÇÃO, de Coppola. Mas essa impressão se dilui logo. Trata-se de um filme sobre uma obsessão. Na verdade, é sobre outra coisa, mas acho que eu não devo dizer, sob o risco de estragar a surpresa para quem ainda não viu o filme. A invasão de privacidade parece que veio pra ficar e, a julgar pelo que se vê no filme, acaba sendo um mal que vem para o bem, algo capaz de salvar vidas. Na trama de MARCAS DA VIDA, Jackie (Kate Dickie, uma mulher que, vista de frente, parece o Iggy Pop) trabalha num departamento de vigilância em Glasgow. Sua rotina é um pouco maçante: passa a noite olhando para as pessoas pelas câmeras de rua. O que perturba a sua rotina é a visão de um rapaz. No começo, o filme não entrega o porquê de Jackie ter se interessado por aquele sujeito, de querer procurar algo que o incrimine. Logo ficamos sabendo que ele é um ex-presidiário. Aos poucos, ela vai se aproximando dele.
Eu gostei das seqüências da aproximação de Jackie. Os silêncios e outras características do estilo Dogma de filmar ajudam a criar um suspense bem envolvente. Muito boa também a cena de sexo explícito, crua e realista, fazendo lembrar os bons tempos de OS IDIOTAS. Pena que a revelação final deixe o filme com uma aparência vulgar e toda aquele aspecto intrigante do início é jogado pelo ralo. Uma coisa que eu não sabia é que na Inglaterra (ou na Escócia, que é onde se passa o filme) o povo bebe chá com leite. Nunca me passou pela cabeça que alguém no mundo misturaria essas duas bebidas.
A diretora do filme, Andrea Arnold, ganhou o Oscar, a Palma de Ouro e mais uma porrada de prêmios mundo afora pelo curta-metragem WASP (2003). MARCAS DA VIDA é o primeiro filme de uma trilogia idealizada por um grupo chefiado por Lars Von Trier na qual nove personagens - interpretados pelos mesmos atores -, vivendo em Glasgow, aparecem nos três filmes. Os diretores dos próximos dois trabalhos serão Lone Scherfig e Anders Thomas Jensen, ambos com um histórico de ligação direta com o Dogma 95. Scherfig é diretor de ITALIANO PARA PRINCIPIANTES (2000) e Jensen fez os roteiros de MIFUNE (1999) e O REI ESTÁ VIVO (2000). Procurei me informar sobre esses próximos filmes do projeto, se eles já estão sendo produzidos, mas não descobri nada.
P.S.: Foi só comigo ou o Google, o Yahoo e o Blogger ficaram fora do ar durante um tempão hoje?
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