quinta-feira, julho 26, 2007

MARIA STUART, RAINHA DA ESCÓCIA (Mary of Scotland)



Sempre achei fascinante o mundo dos reis e rainhas, suas lutas pelo poder e suas tentativas de manter a sua linhagem através de seus herdeiros. Apesar desse meu interesse e curiosidade, acabei vendo MARIA STUART, RAINHA DA ESCÓCIA (1936) exclusivamente por ser um filme dirigido por John Ford. Mesmo sendo um filme desprezado até pelo próprio diretor e não muito fordiano, há algumas cenas que lembram um pouco os clássicos do diretor. Outra importância do filme se dá no que aconteceu nos bastidores: Ford teve um caso com Katharine Hepburn durante as filmagens, uma relação que quase pôs fim ao seu casamento. Depois que Ford a deixou para ficar com a esposa, Katharine foi parar nos braços de outro homem casado, Spencer Tracy, que seria a grande paixão da vida dela, e que estrelaria um dos filmes tardios de Ford: O ÚLTIMO HURRAH (1958).

MARIA STUART, RAINHA DA ESCÓCIA foi feito num tempo em que Ford chegava a lançar três filmes por ano. Era ainda um jovem cineasta cheio de vitalidade e com muito prestígio em Hollywood. O filme é mais um projeto de Katharine do que dele. Inclusive, ela queria na direção George Cukor, mas os executivos não aceitaram. A estória, se comparada com os eventos reais, é cheia de erros, a começar pela maneira como mostra Maria Stuart, quase uma santa guiada pelo amor, e Elizabeth I como uma vilã perversa e impiedosa que não teve pena de levar a Rainha da Escócia à execução. A direção não é das mais inspiradas de Ford e Katharine Hepburn praticamente leva o filme nas costas. Sempre que ela sai de cena, o filme fica fraco, mas é só ela aparecer que o filme recupera o interesse e o brilho. Um dos destaques do filme são os closes no rosto da atriz, coisa de um cineasta apaixonado. Quanto à atriz que faz a rainha Elizabeth, não gostei muito dela não, tendo me incomodado desde o início. Felizmente ela aparece pouco.

Na trama, Maria Stuart está voltando para o seu país natal, a Escócia, depois que seu marido Francisco II morreu na França. Ela chega à Escócia viúva, disposta talvez a nunca mais se casar e com uma forte crença no Catolicismo, ao contrário de seus súditos e os nobres escoceses, todos protestantes. Essas são duas das razões que fazem com que logo de cara ela se torne não muito agradável aos olhos de muitos. Enquanto isso, na Inglaterra, a Rainha Elizabeth fica sabendo da chegada de Maria e teme que ela tome a sua coroa. Assim, ela aproveita as fraquezas de Maria para usar de seus planos maquiavélicos. As coisas se complicam quando Maria, não aguentando o casamento arranjado que ela mesmo aceitou, acaba assumindo o seu amor pelo chefe da Guarda, o Conde de Bothwell (Fredric March). A cena do interrogatório na qual Maria Stuart fica sabendo que seu amado morreu e sua execução é uma certeza lembra muito os filmes de Joana D'Arc. E por mais que morrer na fogueira seja uma morte horrível, ter sua cabeça cortada por um machado partindo das mãos de um carrasco não é nada agradável.

Anos depois, Ford adaptaria outra peça de Maxwell Anderson: SANGUE POR GLÓRIA (1952).

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