terça-feira, outubro 24, 2006
EDMOND
Até parece que estou fazendo um aquecimento para a segunda temporada de MASTERS OF HORROR. Depois do novo filme de Lucky McKee, vi ontem o ótimo EDMOND (2005), de Stuart Gordon. Tanto McKee quanto Gordon são cineastas que participaram (com trabalhos de respeito) da primeira temporada da antologia, sendo que Gordon estará de volta na segundona, dessa vez adaptando o conto "O Gato Preto", de Edgar Allan Poe. Gordon deve mostrar que, além de ser o melhor adaptador de Lovecraft, também se dá bem adaptando Poe. Assim espero. Enquanto o gato preto não passa na nossa frente, falemos de EDMOND.
Antes de mais nada, a parceria de Gordon com o dramaturgo e cineasta David Mamet se revelou um trabalho próximo da perfeição e EDMOND é uma viagem ao abismo da alma de um homem, um convite a um estado de insanidade crescente, bem como uma fábula sobre preconceitos. Interessante que em alguns momentos até é possível entender o ponto de vista do personagem e ser solidário com sua revolta. Talvez por culpa da ingenuidade do personagem diante do mundo, talvez por termos adormecidos em nós os mesmos preconceitos ou talvez por também estarmos cheios de nossa rotina e das "injustiças" que sofremos freqüentemente.
Na trama, William H. Macy é um executivo entediado com a vida que leva. Saindo do trabalho, e devido a uma pequena coincidência do destino, ele passa numa cigana, que lê sua sorte através das cartas e lhe diz que ele está vivendo no lugar errado. Percebendo a necessidade de mudar urgentemente de vida, ele larga a esposa e diz que vai embora. Sai à noite à cata de emoções, adentrando o submundo da prostituição e entrando num processo crescente de loucura.
Soube que David Mamet escreveu esse roteiro logo após ter se separado da esposa. Talvez por isso o texto - e o filme - tenha resultado tão vivo e tão catártico. A cena em que Macy é abordado pelo suposto cafetão e finalmente age "como um homem" é uma dessas cenas que despertam a nossa raiva interior. William H. Macy foi uma escolha perfeita para viver o personagem-título. O ator é geralmente convidado para interpretar tipos losers, mas nesse filme, a partir do segundo ato, ele se revela um gigante. Os coadjuvantes também se destacam. Especialmente Joe Mantegna e Julia Stiles. Julia participa da cena mais chocante do filme.
EDMOND foi exibido no Festival do Rio de 2005 e faz parte da Mostra Internacional de Cinema de 2006. Imperdível. Valeu pela dica, Leandro!
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