Tenho mania de me apaixonar por atrizes de cinema. Bom, confesso que já me apaixonei até por estrelas pornô, mas garanto que não sou o único. Mas, com Giovanna Mezzogiorno, sinto que a paixão é maior. Essa linda escorpiana nascida em Roma me conquistou desde que vi O ÚLTIMO BEIJO (2001), de Gabriele Muccino, filme que guarda um parentesco com os filmes de François Truffaut, especialmente os do ciclo de Antoine Doinel.
Se O ÚLTIMO BEIJO está para Truffaut, A JANELA DA FRENTE (2003), de Ferzan Ozpetek, está para Pedro Almodóvar. Mas o Almódovar mais maduro, pós-A FLOR DO MEU SEGREDO. As comparações com o estilo do cineasta espanhol foram uma constante na imprensa internacional. O filme não existiria, ou ao menos não teria o mesmo brilho, sem a presença deslumbrante de Giovanna. A câmera - e, conseqüentemente, o espectador - namora a atriz do primeiro ao último instante. O close final é o mais belo do ano, auxiliado pela belíssima canção-tema "Gocce Di Memoria", da cantora italiana Giorgia. Fui pra casa com essa música na cabeça, em estado de graça, olhando para o mundo com outros olhos, sentindo uma agradável estranheza no ar, um misto de melancolia e prazer.
A trama de A JANELA DA FRENTE é intrigante: jovem casal (Giovanna e Filippo Nigro) encontra na rua um senhor idoso (Massimo Girotti), vestido de forma elegante, que perdeu a memória. Não conseguindo deixar o pobre velho largado no meio da rua, os dois acabam por levá-lo pra casa para depois passarem numa delegacia de polícia e resolverem o problema. A relação com esse senhor vai fazer com que Giovanna tenha a oportunidade de se aproximar de Lorenzo (Raoul Bova), um rapaz por quem ela tem uma paixão platônica. Ela sempre olhava para ele da janela de sua casa.
A JANELA DA FRENTE recebeu os prêmios David di Donatello de melhor filme, ator e atriz e é um bom sinal de um possível retorno à vitalidade do cinema italiano, que já foi um dos melhores do mundo. Ao lado de BOM DIA, NOITE, de Marco Bellocchio, o filme encabeça a lista de melhores da ilha da bota a serem lançados este ano.
Mas não quero terminar esse texto sem elogiar novamente a beleza de Giovanna. Trata-se de uma beleza um pouco triste: quando ela sorri, seu sorriso parece tímido; seus olhos parecem olhar sempre para o infinito, além de ter aquelas olheiras que lembram a Capitu de Machado de Assis. Maravilhosa. Alguns momentos especiais de Giovanna que ficarão gravados em minha memória fotográfica: quando ela atende uma ligação de Lorenzo do celular e solta o seu cabelo, que estava preso; o primeiro beijo com Lorenzo na praça; quando o rapaz diz que não consegue deixá-la; quando ela corre desesperadamente pelas escadas do prédio; quando ela passeia solitária pela cidade; quando ela olha para a câmera no instante final e a gente fica hipnotizado por alguns segundos.
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