A personagem Elektra, criada por Frank Miller para ser, ao mesmo tempo, par romântico e inimigo do Demolidor, foi um dos ícones da minha infância. Eu acompanhava com entusiasmo as antigas histórias do Demolidor, antes publicadas na década de 80 na revista Superaventuras Marvel, e recentemente republicadas pela Panini em quatro volumes de luxo. A história da morte da anti-heroína pelas mãos do Mercenário vai ficar guardada na minha memória enquanto eu viver. Na época, fiquei tão chocado com a violenta morte dela, que achei que Frank Miller me trapaceou ao inventar depois uma ressurreição para a personagem.
Depois dessa ressurreição, nem Miller, nem outro artista soube cuidar dos rumos da personagem. Recentemente ela, com revista própria, mas com o título já cancelado nos EUA, recebeu boas histórias escritas por Greg Rucka e Robert Rodi. Rucka fez um excelente arco chamado "Introspecção"(*), mas depois se perdeu tentando humanizar a personagem com essa história de purificação. Já Rodi preferiu fazer histórias mais superficiais mostrando apenas Elektra fazendo o que mais sabe fazer: matar.
É a partir de uma dessas histórias de Rodi, o arco "O Alvo / O Trabalho"(**), que o filme ELEKTRA (2005), se inicia. Mas esse prólogo inspirado na história de Rodi, mostrando um homem marcado para morrer nas mãos da ninja, funciona apenas para que o espectador saiba que ela é uma assassina mercenária.
Depois disso, o filme não ousa mais mostrar o lado negro de Elektra. A moça é contratada para matar um pai e uma filha, mas depois de uma ceia de natal, ela hesita e acaba os salvando das mãos do Tentáculo.
Por falar em Tentáculo, fico imaginando se o filme deixa claro para o espectador que nunca leu os quadrinhos, que Elektra fez parte do Tentáculo, depois de ter sido rejeitada pelo grupo de Stick, que no filme é interpretado por um Terence Stamp em decadência.
ELEKTRA consegue ser pior que o filme do Demolidor. Os roteiristas não conseguiram criar uma história nem mesmo boa. E o diretor Rob Bowman, de ARQUIVO X - O FILME (1998), só soube subutilizar os clichês do gênero. Outra coisa: o velho truque da pessoa que tem um pesadelo e se levanta rapidamente da cama enche o saco no filme de tão repetido que é. Os vilões também não são interessantes. Uma das inimigas do Demolidor, a Mary Tyfoid, aparece, mas com poderes diferentes dos quadrinhos. Há também outro vilão que eu nunca vi, o Tatuagem, que só serve para mostrar que os técnicos do filme sabem usar o CGI.
Com todo respeito aos fãs de Jennifer Garner, não acho que ela tenha carisma e beleza suficientes para levar um filme ruim desses nas costas. Talvez falte da minha parte ter acompanhado a série ALIAS. Que eu gostaria muito, mas só se fosse a partir da primeira temporada. Assim com o bonde andando eu não quero não. Digo isso, porque é mais fácil afeiçoar-se a uma atriz e achá-la até mais bonita quando se acompanha e se curte uma série. Como é o exemplo das atrizes de SEX AND THE CITY, que de tanto eu gostar da série, acho-as todas bonitas e atraentes.
(*) Publicado em Justiceiro e Elektra # 1 a 5
(**) Publicado em Demolidor # 1 e 2
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