ONLY YESTERDAY (Omohide poro poro)
No fim de semana, o melhor filme que eu vi foi esse delicado anime dos estúdios Ghibli. O diretor é Isao Takahata, mesmo diretor da obra-prima CEMITÉRIO DE VAGALUMES (1988). Ele parece ser o segundo diretor mais aclamado dos estúdios Ghibli, perdendo só para Hayao Miyazaki em popularidade.
Ao contrário de Miyazaki, que entra mais pro terreno da fantasia e da ficção, Tahakata prefere o realismo. ONLY YESTERDAY (1991) é ainda mais realista que o seu longa anterior, que tinha sutis elementos sobrenaturais. Outra diferença básica também é que, diferente de mostrar uma história trágica e lacrimosa (no bom sentido), ele prefere aqui falar de recordações da infância, de solidão, de pequenas coisas que parecem pouco importantes, mas que ficam na memória da gente.
Por exemplo, um belo exemplo pra ilustrar isso é a cena do abacaxi. O abacaxi não é uma fruta popular no Japão. Um dia, a mãe de Taeko traz pra casa a fruta, estranha pra eles. Engraçado ver a primeira vez que eles experimentam e estranham o sabor.
A história do filme é simples: Taeko é uma moça de 27 anos cuja família fica insistindo pra ela arranjar um marido. Ela decide tirar férias do trabalho em Tóquio e viajar para o campo, onde entra em contato com a natureza e arranja belas amizades. Enquanto isso, memórias de quando ela tinha 10 anos vêm à tona.
Inclusive, eu costume comparar esse filme a MORANGOS SILVESTRES (1950), de Ingmar Bergman, por causa do passado que a protagonista relembra. A partir dessas memórias, ela passa a questionar a sua vida e os seus valores.
A cena que eu achei mais bonita no filme é a que Taeko viaja de carro com Toshio para a casa de campo dele. As imagens e os diálogos são tão bem lapidados que é impossível ficar indiferente. A aparência dos personagens não tem aquela coisa dos olhos grandões da maioria dos animes, exceto nas cenas passadas nos anos 60, em que Taeko é uma garotinha de 10 anos. Vi no IMDB que isso é uma homenagem aos animes dos anos 60.
ONLY YESTERDAY é um anime que está longe de ser infantil. Deve até aborrecer um pouco as crianças. E mesmo para os adultos, o andamento lento é meio que um obstáculo, sendo interessante pra quem está acostumado a um cinema mais de contemplação. Por isso, eu achei mais interessante vê-lo em duas partes. Se fosse visto no cinema, com certeza seria muuuito mais melhor.
Ver filmes na telinha do computador tem se tornado um hábito pra mim e eu já estou me acostumando a puxar a cama pra mais perto do pc quando eu canso de ficar sentado. Hehehe..
Vi o filme graças ao Marcelo Reis, do site Animehaus. Aliás, o site tá com uma promoção boa. Vale dar uma espiada e fazer uns pedidos em divx ou vcd. Fica aqui a dica.
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