terça-feira, abril 04, 2023

COMEDIANS IN CARS GETTING COFFEE – SEGUNDA TEMPORADA



A ideia em 2021 era conseguir ver todos os episódios de COMEDIANS IN CARS GETTING COFFEE disponíveis (ou não) na Netflix. Acabei parando no meio da segunda temporada (2013), mas que bom que tive a ideia de ir escrevendo minitextos sobre os episódios imediatamente após vê-los. Não garante qualidade nos textos, mas ao menos não fico com a impressão de ter visto os episódios em vão. Retomei esses dias os episódios dessa segunda temporada, que é curtinha e conta com nomes fortes, como Chris Rock, Sarah Silverman e David Letterman. Lembrando que a ideia é tentar ver os episódios na ordem de lançamento original, e não na ordem que a Netflix colocou.

“I'm Going to Change Your Life Forever”

A comédia está mudando um pouco a impressão de que é um clube do Bolinha, mas lembro que na época que vi pela primeira vez a Sarah Silverman, em 2007, demorei um pouco a me acostumar com seu jeito. Aqui o Jerry até fica um bocado sem falar, pois ela é bastante falante. Além de muito simpática. Um detalhe que me chamou a atenção, embora não seja nada: eles estão no carro e Jerry pergunta: você está a fim de tomar café? Ela demora alguns segundos para responder, séria. Senti falta de mais reflexões sobre a vida, mas a atmosfera é agradável e Sarah estava faminta e pede um lanche bem reforçado. Depois ainda passam numa loja de doces. Alegria com açúcar no final. Gosto de como ela parece estar curtindo o passeio, no final, e sugere que eles partam para San Francisco.

“I Like Kettlecorn”

Em determinado da conversa entre David Letterman e Jerry, David pergunta se é normal eles conversarem tanto no café. Jerry diz que não, que eles estão conversando mais pois se dão muito bem. David acha que ele está esperando algo realmente bom para incluir no episódio. E, de fato, a impressão que fica é essa mesmo. Ao chegar no café, David parece desconfortável e pergunta se todas aquelas pessoas são atores ou são pessoas mesmo. E se eles podem mandá-las embora. No mais, achei pouco atrativa a conversa. Talvez seja mais interessante para quem conhece os comediantes anteriores ou contemporâneos de David (só tinha ouvido falar no Richard Pryor, dentre os citados).

"No Lipsticks for Nuns"

Passados dois anos, deu saudade de ver o Jerry levando convidados para tomar café, passear e bater papo. Retomei de onde parei a segunda temporada, com este divertido episódio com Gad Elmaleh, conhecido como o "Jerry Seinfeld da França", pelo estilo de comédia que ele faz, centrada no cotidiano. Jerry resolve levar um carro francês dos anos 1950, que dá um bocado de trabalho para chegar aos lugares, mas Jerry costuma ficar muito tranquilo nessas situações. São três os locais: um lugar onde vende batata frita com molho de manga (fiquei doido para experimentar), um local onde vende baguete e uma cafeteria, onde eles se empanturram de mais comida. Ah, e ainda passam numa doceria para um cupcake. Gostei do humor de Elmaleh, das piadas sobre americanos vendo jogo de beisebol e de pessoas se encontrando em elevadores. São duas pessoas com um elevado grau de harmonia, o que é muito agradável de ver.

"You'll Never Play the Copa"

A tradição de comediantes americanos é tão rica que de vez em quando eu me dou conta que não conheço vários nomes muito importantes da comédia (de todos os tempos). É o caso de Don Rickles, que fez sua fama na década de 1950, tendo trabalhado com Frank Sinatra, sobre quem contou algumas histórias interessantes a respeito do jeito prepotente (mas também carismático) do ator e cantor. Dá para perceber o abismo geracional entre Jerry e Don, mas também se percebe o enorme respeito de Jerry para com esse homem que tinha então 87 anos - Don morreu aos 90 anos em 2017. Das conversas, não percebi muita coisa interessante, talvez mais coisas nas entrelinhas, como o modo como Don baixa o tom de voz para contar uma história como se fosse um grande e perigoso segredo.

"Really?!"

Não é dos episódios mais brilhantes, e talvez não haja muitos momentos de risos, mas a presença, o carisma e a simpatia de Seth Meyers fazem valer os 15 minutos de duração. Além do mais, Meyers se mostra bastante modesto: considerava-se o menos talentoso do Saturday Night Live e sempre achava que poderia não agradar nos shows solo de comédia. O episódio é um dos que mais destaca o carro na introdução e também na conversa. Trata-se de um da própria coleção de Jerry, um Porsche 911 de 1973. O passeio é rápido e agradável. Tomam um café em Nova Jersey, passando pelo pedágio, em tempo de chuva suave. Seth Meyers cita Don Rickles: fala do dia em que ele tentou se aproximar dele para dizer o quanto o admirava etc.

"Kids Need Bullying"

É menos divertido do que eu esperava, levando em consideração a presença de Chris Rock. Jerry o pega num Lamborghini Miura de 1967, que ele considera um dos carros mais lindos e fantásticos de todos os tempos. Chris talvez até tenha o deixado meio sem jeito, quando diz que estar com alguém legal independe de estar num táxi ou num supercarro. O título do episódio talvez seja o que mais se destaca na conversa no café: o fato de que as crianças precisam de bullying para que no futuro se tornem cientistas ou algo assim. Faz algum sentido e Jerry não traz contraponto para a discussão, até porque isso faz parte do humor. Outra coisa marcante do episódio: quando Jerry acelera para mostrar a força do carro na estrada, eles são parados por um policial rodoviário. Chris já fica gelado, pois sabe do histórico de racismo do país onde vive.

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