domingo, outubro 27, 2019

QUATRO SÉRIES

Em outras circunstâncias eu teria facilmente dedicado um tempo para escrever textos maiores para cada uma destas séries, mas nem é preciso mais dizer os motivos. Então, vamos de texto menores, mas tentando não ser tão sucinto assim. São duas séries da HBO e duas da Netflix. Com a Netflix eu costumo ser bem mais seletivo, já que eles lançam muito lixo, mas de vez em quando temos obras que são ótimas e que merecem a nossa atenção até mais que as da HBO. Como tempo virou artigo de luxo e como eu sou mais consumidor de filmes do que de séries (pelo menos quero ser assim), as séries precisam ser bem escolhidas.

EUPHORIA - A PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA (Euphoria - The Complete First Season)

Que final foi esse dessa série, hein? Acabei me lembrando do final de NEON GENESIS EVANGELION. Tanto por ser sombrio quanto por ser diferente e cheio de simbolismos. Ainda tem o fato de nos confundir. Como fiquei bastante encantado com Jules, a personagem de Hunter Schafer, fui primeiro procurar saber mais sobre a atriz. Gostei, mas acabei entrando em um desses vídeos explicativos do final da série. Se eu tinha achado tudo muito estranho e menos atraente do que toda a temporada, essa teoria acabou fazendo com que a série ganhasse mais pontos. E Zendaya está ótima como a jovem viciada em drogas Rue. Gosto também de como ela narra as histórias dos outros jovens. E de como a série é capaz de criar um personagem tão odioso como o Nate (Jacob Elordi), representante comum de um tipo de homem homofóbico e que tem problemas com sua masculinidade, no caso, talvez um pouco herdado do pai. Trata-se de uma série importante também para entendermos um pouco mais essa nova geração, suas angústias e suas alegrias, embora a série foque mais nas angústias, nos infernos pessoais. Muito a fim de uma segunda temporada. Alguns momentos são dignos de lembrança: a cena de Rue com uma depressão tão imensa que não tem coragem de sair da cama para ir ao banheiro, segurando o xixi até ficar muito doente. Outra: Jules, ansiosa para descobrir o admirador secreto que tem lhe enviado mensagens pelo whatsapp, vai até lá se encontrar com ele. Outra: Rue totalmente desesperada para falar com a amiga depois que não consegue aguentar e lhe dá um beijo. Enfim, é uma série que só cresce no meu conceito. Dos oito episódios, cinco são dirigidos pelo criador, Sam Levinson. Ah, e quanto a Zendaya, se eu não havia gostado tanto dela como MJ nos filmes do Homem-Aranha, passei a amar esta menina extraordinária nesta série. Baita atriz.

MINDHUNTER - SEGUNDA TEMPORADA (Mindhunter - Season Two)

A segunda temporada mantém o bom nível da primeira, ainda que eu tenha sentido falta da atriz que interpretou a namorada de Holden (Jonathan Groff) na primeira (Hannah Gross). Simplesmente fazem de conta que a personagem nunca existiu, privando Holden de uma vida privada, ao contrário de seus parceiros Bill (Holt McCallany) e Wendy (Anna Torv). A pegada diferente desta nova temporada está menos nas entrevistas a assassinos seriais e mais no caso dos meninos desaparecidos em Atlanta, a história principal que os detetives do FBI terão que resolver, já que são eles os grandes especialistas no assunto. Em paralelo, há um caso envolvendo o filho pequeno de Bill e a inclusão de uma namorada para Wendy, que procura ser discreta na exposição de suas preferências sexuais. Ainda gosto bem mais da primeira, mas se essa série conseguir manter a constância, continuará sendo uma das melhores produções da Netflix. Quanto aos assassinos entrevistados, os que chamam a atenção nesta temporada são Charles Mason (vivido pelo mesmo ator que fez o personagem em ERA UMA VEZ EM... HOLLYWOOD) e o Filho de Sam. Não destaco nenhuma cena em particular, mas todas as sequências tensas que se passam em Atlanta são ótimas.

BIG LITTLE LIES - A SEGUNDA TEMPORADA COMPLETA (Big Little Lies - The Complete Second Season)

Pode até não ser tão boa quanto a primeira temporada, mas é nesta aqui que o amor que sentimos pelas personagens ganha força, se solidifica. Reese Witherspoon está maravilhosa, sua personagem ganha muito com uma situação dramática no lar e que acaba sendo um dos pontos altos da temporada. E aquilo que quase me fez chorar no final. E o que dizer do duelo de Celeste (Nicole Kidman) e Mary Louise (Meryl Streep)? Além de tenso e empolgante, traz um debate sério, sobre a agressão doméstica. A série aprofunda ainda mais o sentimento de sororidade que já se manifestava na primeira, já que aqui temos as cinco de Monterey, unidas por um segredo. Ainda achei que a personagem de Shailene Woodley ficou pequena e sem muita força em comparação com as demais. E Laura Dern é aquela força da natureza. Bom demais. Dos homens da série, como não são muitos, destaque, de longe, para o Ed (Adam Scott). Personagem que a gente respeita. Aguardemos uma possível terceira temporada. Difícil é juntar esse time de novo, hein? Haja grana e agendas que não conflitem. Momento de destaque: quando Ed descobre a traição de Madeline e as repercussões. Atriz de destaque: Meryl Streep como a odiosa sogra de Madeline, pronta para descobrir o que de fato aconteceu com o filho, morto em circunstâncias estranhas. No mais, David E. Kelley capricha nos textos.

BLACK MIRROR - QUINTA TEMPORADA (Black Mirror - Series 5)

A menos inspirada das temporadas de BLACK MIRROR, esta quinta tem, inclusive, um segmento que eu acho difícil de comprar deste o começo, embora seja divertido: "Rachel, Jack and Ashley Too". Exageram no vilanismo da tia da cantora pop (vivida por Miley Cyrus) e não gosto da solução que elas encontram para resolver o problema da rebeldia da cantora. Afinal, para fabricar uma cantora pop basta uma equipe de compositores boa. O melhor episódio é "Smithereens", e nem é pela inventividade no que se refere ao uso da tecnologia como elo de ligação de todos os capítulos. O tal aplicativo viciante acaba sendo apenas um detalhe em uma trama de suspense e tensão normal, ainda que bem conduzida. Já a história "Striking Vipers" lida com a questão da realidade virtual, e traz uma boa reflexão sobre sexo dentro de um ambiente usado principalmente para jogar. Não deixa de ser divertido ver os personagens questionando sua heterossexualidade. Uma pena ter caído tanto de qualidade, em comparação com a temporada anterior, que, inclusive, contou com o dobro de episódios. Parece que Charlie Brooker não está mais conseguindo ter tantas ideias boas como antes. Mesmo assim, para quem nunca viu a série, não ligue para o efeito-modinha e veja principalmente as demais temporadas - as primeiras não tiveram nenhum dinheiro da Netflix envolvido.

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