segunda-feira, dezembro 11, 2017

THE MARVELOUS MRS. MAISEL - PRIMEIRA TEMPORADA (The Marvelous Mrs. Maisel - Season One)

E uma das melhores séries do ano surgiu, como quem não quer nada, em dezembro. Trata-se de THE MARVELOUS MRS. MAISEL (2017), de Amy Sherman-Palladino, conhecida por GIRLMORE GIRLS (2000-2007). Depois de dez anos de seu maior sucesso, a criadora, roteirista e diretora está de volta com uma comédia de época, que nos leva a um colorido e belo 1958, em um registro que lembra as screwball comedies, que fizeram a alegria na Hollywood dos anos 1930-50.

O registro de época pode ser comparado ao de outra série celebrada, MAD MEN, mas a intenção aqui parece ser um pouco menos pretensiosa. Mas só um pouco mesmo, já que as pessoas tendem a diminuir as comédias em detrimento dos dramas. E THE MARVELOUS MRS. MAISEL é um misto dos dois, pois opta pela duração de cerca de quase uma hora por episódio, normalmente uma duração de séries dramáticas.

Mas, deixando de lado essa bobagem de tentar separar a comédia do drama, quando eles parecem às vezes inseparáveis da obra de Sherman-Palladino, o que temos aqui é uma dessas séries tão boas que a gente lamenta quando está perto de acabar. Não queremos nos desgrudar da protagonista, Miriam 'Midge' Maisel, vivida brilhantemente por Rachel Brosnahan. É, certamente, o papel da vida da jovem atriz.

A série conta a história fictícia de uma dona de casa de família rica e judia que tem o prazer de ajudar o marido em sua vontade de ser um astro da comédia. O problema é que o sujeito, Joel (Michael Zegen), não tem a menor graça como comediante. Quando uma vez ele se vê diante do horror de não ser bem-recepcionado pela audiência, de não conseguir arrancar nenhum riso da plateia, ele volta para casa tão desanimado que faz algo impensável: largar a esposa devotada e carinhosa.

Midge, atribulada com a situação, já que ainda por cima o marido estava tendo um caso com a secretária, resolve sair de casa e se embriagar. É quando ela vai parar em um dos bares onde os comediantes costumam se apresentar. E dá um show de cair o queixo de muita gente, além de fazer e dizer coisas que a polícia local considerou indecentes. Resultado: ela vai parar no xadrez.

Esse é mais ou menos o resumão do piloto de THE MARVELOUS MRS. MAISEL. Um piloto que já nos conquista de imediato. Naquele momento em diante sabemos que aquela é uma série especial. E sabe o que mais? A série de Sherman-Palladino nem precisava melhorar. Mas melhora. Inclusive com uma season finale que traz um misto de sentimentos conflitantes, envolvendo ainda a questão marital de Midge e sua relação cada vez mais envolvente com o mundo da comédia, que mais parece alguma coisa muito proibida, e por isso mesmo muito excitante. Aliá, esse talvez seja o grande segredo de a série encantar tanto.

Midge, a personagem de Rachel Brosnahan, não chegou a existir, mas contracena com alguns personagens reais da época, como Lenny Bruce, controverso comediante que chegou a ser retratado por Dustin Hoffman no filme LENNY, de Bob Fosse. Mesmo assim, é como se estivéssemos acompanhando uma biografia, por mais que o colorido e as falas deliciosamente rápidas e um tanto teatrais fujam do que se espera de algo realista.

No mais, chamam atenção também a direção de arte, o figurino e a fotografia admiráveis, além também da personagem de Alex Berstein, que faz a agente de Midge, a mulher que a vê como um sucesso em potencial e que faz de tudo para que aquela dona de casa rica se torne uma comediante de grande sucesso. Alguns dos momentos mais engraçados da série vêm dela, e do modo como as pessoas enxergam o seu jeito meio másculo de se vestir e se comportar. Também vale destacar a beleza da performance de Tony Shahoub, como o pai de Midge.

Podemos dizer, portanto, que THE MARVELOUS MRS. MAISEL pode ser encarado como um belo presente de Natal para os fãs de séries bem pensadas e bem escritas. E a série já chegou chegando, com indicações aos Golden Globes nas categorias de melhor série de comédia e de melhor atriz de comédia para Rachel Brosnahan. Que maravilha!

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