Uma das grandes vantagens dos filmes de horror é que a maioria deles tem um bom apelo para a juventude e ainda costumam custar barato, sem precisar de atores famosos no elenco para ganhar a credibilidade do público. E também nem precisam ter uma história tão original assim, como podemos ver neste A MORTE TE DÁ PARABÉNS! (2017), de Christopher Landon, que é eficiente e com vários pontos positivos.
O filme é uma espécie de versão slasher da comédia romântica FEITIÇO DO TEMPO, de Harold Ramis, em que Bill Murray acorda indefinidamente no mesmo dia. Recentemente houve um filme que também se apropriou desta brincadeira, ANTES QUE EU VÁ, de Ry Russo-Young. Também costuma ser bastante lembrada a ficção científica NO LIMITE DO AMANHÃ, de Doug Liman. Todos são filmes que mostram protagonistas lutando para vencer uma situação a partir do conhecimento que adquirem do fatídico dia.
São também filmes sobre jornadas de aperfeiçoamento pessoal, de aprender com os próprios erros. Por mais que pareça uma maldição ficar preso no mesmo dia, é também uma chance que o universo está dando para que a pessoa possa, enfim, aparar as arestas no modo como ela trata as pessoas e também, como é o caso de A MORTE TE DÁ PARABÉNS, descobrir a identidade do próprio assassino para, talvez, conseguir acordar viva e no amanhã.
Na trama do filme de Landon, diretor que já havia juntado terror com comédia em COMO SOBREVIVER A UM ATAQUE ZUMBI (2015), Jessica Rothe é Tree, uma garota universitária que acorda no quarto de um dos rapazes. Pelo visto, um rapaz que ela mal conhecia. Até aí nada de mais, até a hora em que ela vai para uma festa e é surpreendida por alguém escondido atrás de uma máscara e ela é então assassinada. No dia seguinte e também nos posteriores, ela sofrerá novas mortes e tentando descobrir o que está acontecendo e o que pode fazer.
No quesito suspense, A MORTE TE DÁ PARABÉNS consegue envolver a audiência jovem, provavelmente uma audiência que talvez nem conheça FEITIÇO DO TEMPO, mas isso nem importa tanto assim. O que importa é que a ressurreição do gênero slasher funciona novamente (se é que dá para chamar de uma ressurreição - talvez não). Ter um assassino misterioso com uma máscara era algo que estava sendo deixado de lado nos filmes de horror recentes e aqui vemos que ainda consegue ser um elemento atraente. Ajuda também o fato de estarmos diante de uma obra que não tenta ser tão pretensiosa. É até inocente, em muitos aspectos.
Do ponto de vista do aperfeiçoamento do caráter da heroína, o filme é muito feliz. Logo de início estamos diante de alguém bem pouco afável e bastante arrogante, além de pouco interessada no quanto pode maltratar os sentimentos dos outros. Sem falar em questões familiares pendentes. Isso também é muito bem resolvido no filme, principalmente em uma das últimas sequências da narrativa, o que só prova que se trata de uma obra que tem fôlego para manter o interesse da plateia - na verdade, a história melhora cada vez mais à medida que se aproxima de seu desfecho.
E isso é muito mais do que se poderia esperar de uma produção que, mesmo com a marca da Blumhouse Productions (franquia ATIVIDADE PARANORMAL, franquia SOBRENATURAL, A VISITA etc.), surpreendeu a muitos, inclusive com uma excelente bilheteria conquistada nos Estados Unidos neste fim de semana. No mais, vale prestar atenção em Jessica Rothe, a protagonista. Ela esteve em um papel pequeno em LA LA LAND - CANTANDO ESTAÇÕES, mas em breve poderá ser mais vista encabeçando elencos. Carisma a moça tem.
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