domingo, abril 17, 2016
MENTE CRIMINOSA (Criminal)
O que leva um projeto tão vagabundo como MENTE CRIMINOSA (2016) a ser aceito desde o seu roteiro e ainda assim ter um elenco tão talentoso e respeitável queimando seu próprio filme? A trama em si é estapafúrdia: as memórias de um agente da CIA (Ryan Reynolds) morto em combate por criminosos são transferidas para um homem no corredor da morte (Kevin Costner), de modo que a agência de inteligência americana consiga cumprir a sua missão.
Se o problema fosse apenas na premissa, no ponto de partida, até que não seria realmente um problema, uma vez que o espectador a comprasse. O problema é que uma sequência de absurdos e de momentos horríveis vai se seguindo. Um deles: os agentes da CIA procuram o médico que estuda a transfusão de memórias do cérebro de uma pessoa morta para outra viva, interpretado por Tommy Lee Jones, e o perguntam se ele pode ajudá-los. O cientista diz "sim" com uma naturalidade tão grande que se torna risível a cena. E o problema não está em Lee Jones, um ator de cara de pedra, mas bastante expressivo e interessante, mas na construção das falas mesmo.
Para se ter uma ideia, o filme foi rejeitado por Nicolas Cage, famoso por atuar em bombas, o que já seria um indicador de ser um trabalho cheio de equívocos. No entanto, MENTE CRIMINOSA apresenta um elenco formado por gente como Kevin Costner, Gary Oldman (bem como sempre, destoando do tom absurdo do filme), Tommy Lee Jones, a bela e nova estrela Gal Gadot e Michael Pitt, para citar os mais famosos e presentes em cena.
Aliás, a premissa até poderia ser bem utilizada se fosse entregue a um roteirista de uma série de ficção científica e terror como BLACK MIRROR, mas, do jeito que está, é o tipo de trabalho que impressiona pelos motivos errados. O que dizer das cenas de aproximação do personagem perturbado de Costner com a viúva vivida por Gadot? Em sua mente embaralhada pela cirurgia, ele consegue lembrar várias coisas, inclusive sentir o amor que o ex-marido da bela mulher nutria por ela, dentre outras coisas que funcionarão como desculpa para conduzir a trama de espionagem, por assim dizer.
Se o roteiro fosse bem construído, até daria para criar algo interessante nessa relação entre o assassino perigoso que vai se tornando um homem bom à medida que é contaminado pelas memórias do agente da CIA e a viúva que vê naquele estranho homem um pouco do marido, a ponto de aceitá-lo em sua casa. Na cena de Costner com a garotinha, até dá para lembrar um pouco de FRANKENSTEIN, de James Whale. Esse tipo de coisa poderia contar pontos a favor do filme, mas infelizmente tudo escorre pelo ralo.
Isso porque MENTE PERIGOSA não é daqueles filmes ruins divertidos de ver, que podem ser tidos como guilty pleasure ou algo do tipo. É uma bagunça sem noção que até deve angariar a simpatia de alguns espectadores, mas que é duro de aguentar principalmente pela narrativa mal conduzida pelo diretor israelense Ariel Vromen (O HOMEM DE GELO, 2012). Assim, não há beleza de Gadot (também israelense) nem talento de Oldman que salvem este estúpido thriller que custou mais de 30 milhões de dólares.
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