sexta-feira, agosto 07, 2015

QUARTETO FANTÁSTICO (Fantastic Four)



É bem triste quando um filme que a gente torce muito para que dê minimamente certo frustre as expectativas mais realistas. É o caso de QUARTETO FANTÁSTICO (2015), de Josh Trank, lançado dez anos após a versão mais alegrinha dirigida por Tim Story, que fez relativo sucesso comercial e até rendeu uma continuação. Porém, a ideia de um reboot é justamente uma tentativa de deixar para trás algo que não é muito bem aceito pelos fãs dos heróis e nem é considerado um bom trabalho.

E eis que Josh Trank, um jovem diretor que tem no currículo um filme de super-poderes bem interessante, PODER SEM LIMITES (2012), entra no projeto de reformar a família mais querida da Marvel para o cinema, nesse momento de rivalidade bem feia entre os estúdios Marvel/Disney e a Fox, que não entra em acordo (como a Sony entrou), nem quer perder os direitos sobre os personagens do Quarteto (e dos X-Men).

Nesse cenário, acontece também outra briga interna que pôde ser acompanhada nas notícias sobre as filmagens de QUARTETO FANTÁSTICO. Diretor e produtores não se entenderam. Trank afirma que tinha um filme ótimo se não houvesse intervenção do estúdio, que o teria demitido no meio das filmagens para colocar cenas com mais ação e explosões – Trank, como dá para notar pelo menos na primeira metade do filme, preferia abordar mais os conflitos dos personagens de uma maneira mais sombria.

Provavelmente nunca saberemos como teria sido o resultado com o cineasta com o controle completo da situação. O resultado que chega até nós é um dos mais fracos filmes de super-heróis já feitos, embora seja possível perceber algumas qualidades, especialmente em sua primeira metade, quando vemos o relacionamento do arrogante Victor Von Doom com os Reed Richards, Susan Storm e Johnny Storm antes de ele se transformar no Dr. Destino.

Toda a parte que faz de QUARTETO FANTÁSTICO mais um filme de ficção científica com alguns toques de horror do que uma aventura de super-heróis é pelo menos interessante. Ficamos intrigados com a ida dos heróis a uma outra dimensão (aqui não são os "raios cósmicos" de uma viagem de foguete, como nos quadrinhos) e isso gera um curioso suspense, embora saibamos quais serão os resultados.

O problema é que, depois da transformação, o filme parece não saber que destino tomar. Se a interferência do estúdio foi em trazer um pouco de ação para a produção, tratou-se, então, de uma interferência bem feia – a luta final dos quatro com o Dr. Destino é rápida e muito ruim, inclusive levando em consideração os efeitos especiais, que parecem saídos de uma produtora de baixo orçamento.

Com isso, o que parecia promissor, como a abordagem mais realista e a presença de bons atores jovens nos papéis principais – destaque para Miles Teller e Kate Mara – acaba indo para o ralo quando o que sobra é uma colcha de retalhos, que até tenta incluir um pouco de humor, mas que soa bastante forçado. Com isso, é bem pouco provável que haja uma continuação. Talvez a Fox tente um novo reboot até conseguir um resultado de respeito para heróis tão queridos do Universo Marvel, e que têm sofrido injustamente até nos quadrinhos, em virtude dessa briga de estúdios.

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