segunda-feira, junho 23, 2014
TRÊS CINEBIOGRAFIAS
Sei que os três são filmes completamente diferentes entre si, mas é mais uma daquelas sessões de descarrego de títulos com algo em comum que de vez em quando eu promovo aqui no blog quando estou com preguiça ou não tenho muito a falar a respeito. Então, vamos de cinebiografias hoje.
PALAVRA E UTOPIA
A história de Padre Antônio Vieira sempre me interessou. Interessa-me mais o seu magnífico texto, mas sua história de vida é interessante também, conforme pude conferir no prefácio escrito por Alfredo Bosi para a coletânea Essencial, contendo os sermões mais importantes, cartas e outros textos do maior nome do Barroco brasileiro e português. PALAVRA E UTOPIA (2000), inclusive, traz alguns trechos dos sermões. Como se trata de um filme de Manoel de Oliveira, naturalmente não é uma cinebiografia qualquer: tem todo aquele andamento mais lento e todo próprio do Seu Manoel. Três atores interpretam o padre em diferentes épocas de sua vida: Ricardo Trêpa, Luís Miguel Cintra e Lima Duarte. Imagens do mar surgem de vez em quando nas passagens do tempo e é possível ver as trajetórias de Vieira do Brasil a Europa, a polêmica em torno de uma ideia sua sobre o Quinto Império, sua posição favorável aos índios e aos negros, comparando estes últimos aos mártires do início do Cristianismo etc. Um belo filme.
O MORDOMO DA CASA BRANCA (The Butler / Lee Daniels' The Butler)
O mesmo não se pode dizer de O MORDOMO DA CASA BRANCA (2013), de Lee Daniels, mais conhecido como o homem por trás do horrível PRECIOSA – UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA (2009). Porém, se compararmos um filme com o outro, O MORDOMO chega a ser uma maravilha. E ainda tem o seu valor pedagógico, mostrando a história dos Estados Unidos em boa parte do século XX pelo ponto de vista deste mordomo negro (Forest Whitaker) que fugiu de sua cidade até ter a chance de se tornar um dos homens confiáveis de vários presidentes dos Estados Unidos, de sua mocidade até a velhice. O filme, pra não se mostrar tão passivo, mostra também o posicionamento de seu filho, que se juntou a grupos extremistas como o dos Panteras Negras para defender mais direitos e dignidade para os afroamericanos, que ainda eram tratados como escória pelos brancos. Assim, o filme não é tão feio quanto pintam, mesmo carregando nas tintas.
WALESA (Wałęsa - Człowiek z Nadziei)
O prestigiado diretor polonês Andrzej Wajda já tinha feito uma espécie de cinebiografia de época antes, mas com um resultado bem superior, DANTON – O PROCESSO DA REVOLUÇÃO (1983). WALESA (2013), porém, é um trabalho mais próximo da realidade de Wajda, já que ele trata aqui de um dos homens mais importantes da história de seu país, o prêmio Nobel da Paz e fundador do movimento Solidariedade Lech Walesa. Difícil para nós, brasileiros, não compararmos o personagem com Lula, que também foi operário, líder de greves, aplaudido pelo povo e também chegou a ser Presidente da República. Walesa fez tudo isso, mas enfrentou muito mais obstáculos, tendo sido preso dezenas de vezes e tendo visto seu país sofrer bastante diante da opressão dos soviéticos, que não queriam perder mais um país para o bloco capitalista. O filme continua em cartaz em Fortaleza e vale muito ser visto.
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