sexta-feira, fevereiro 01, 2013
O LADO BOM DA VIDA (Silver Linings Playbook)
Confesso que fiquei com uma ponta de decepção com relação a O LADO BOM DA VIDA (2012). Esperava mais do filme, levando em consideração tantas críticas positivas, desde a repercussão no Festival de Toronto. Ainda assim, não dá para dizer que o filme de David O. Russell é uma comédia romântica convencional. Isso se deve em parte pelo tema, o das pessoas que sofrem de doenças que a tornam quase marginais na sociedade; e em parte pelo modo todo particular com que Russell tece as relações familiares, que já havia sido muito bem explorada em O VENCEDOR (2010), seu filme anterior.
Pelo histórico do diretor, desde A MÃO DO DESEJO (1994), seu longa-metragem de estreia, que não por acaso também lida com a dificuldade nas relações familiares, passando pelo bem humorado TRÊS REIS (1999), sua mão quase sempre foi a de trabalhar mais com a comédia do que com romances. Daí o resultado pouco satisfatório no que se refere à conclusão do filme, que pareceu um pouco forçada, embora fosse a desejada pela audiência. Mesmo assim, até chegar ao final, e principalmente pouco antes de chegar ao final, na sequência da dança, o filme alcança o seu melhor momento.
É quando a gente vê o talento multifacetado de Jennifer Lawrence. A garota, além de ser ótima atriz, ainda manda bem em filmes de ação e agora mostra que sabe dançar também. Sem falar que sua personagem é bem interessante, justamente por causa de seus defeitos. Se fosse um filme de Martin Scorsese, sairia um elogio à loucura e tanto. Nas mãos de O. Russell, o destaque acaba sendo o bom tratamento nos diálogos e os divertidos conflitos familiares, que acabam oferecendo a Robert De Niro uma de suas melhores interpretações em muito tempo. Jackie Weaver está bem como a mãe de Pat (Bradley Cooper), mas talvez tenha sido um exagero indicarem-na a Oscar de atriz coadjuvante.
Na trama, Pat é um sujeito que passou oito meses preso numa instituição psiquiátrica por ter quase matado o amante da mulher, ao flagrá-los no chuveiro. Seu comportamento diagnosticado como bipolar se nota especialmente pela madrugada, quando ele perturba os pais por coisas que poderiam ser conversadas ou resolvidas com calma no dia seguinte. Seu sonho é poder voltar para a esposa, que o impede de vê-la, com uma ordem de restrição judicial, e ter o emprego de volta. Para isso, ele pede a ajuda de uma moça que também é tida pelos vizinhos como maluquinha (Jennifer Lawrence). Os dois acabam se tornando amigos e o resto é um tanto previsível, embora o filme melhore à medida que se aproxima de seu final.
Mas faltou mesmo foi emoção. Seria resistência do diretor ao sentimentalismo ou falta de tato em lidar com os sentimentos? Fica a impressão de que nós, espectadores, tomamos um desses remédios que tiram nossa capacidade de emocionar e nos fazem ver a vida com certa indiferença. E isso não é um bom sinal para um filme, por mais que ele tenha suas qualidades.
O LADO BOM DA VIDA recebeu oito indicações ao Oscar: filme, direção, ator (Bradley Cooper), atriz (Jennifer Lawrence), ator coadjuvante (Robert De Niro), atriz coadjuvante (Jackie Weaver), roteiro adaptado e montagem.
P.S.: Confiram os indicados ao Alfred, o prêmio criado pela Liga dos Blogues Cinematográficos, AQUI. E confiram os meus favoritos AQUI.
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