Em meio a tantos filmes do Oscar que se pretendem grandiosos, mas cuja maioria acaba se revelando decepcionante, é um alívio ver uma obra em que o menos é mais, em que o cuidado com a construção dos personagens e da direção em um filme claramente de baixo custo resulta numa obra inquietante e instigante. Este é BARBARA (2012), de Christian Petzold, o filme indicado pela Alemanha ao Oscar de filme em língua estrangeira, mas que acabou não ficando entre os cinco principais. Mas BARBARA já tem um prêmio importante: o Urso de Prata no Festival de Berlim para o seu diretor. Pouco conhecido no Brasil, Petzold já tem no currículo 11 filmes, sendo cerca de metade deles feitos para a televisão alemã dos anos 1990 pra cá.
BARBARA é ambientado no início da década de 1980, quando a Alemanha era dividida e os países que viviam sob o julgo socialista sofriam com a falta de liberdade. Sei que hoje ainda existem aqueles que acreditam no Socialismo, mas quando assisto filmes como este – outros exemplos seriam A VIDA DOS OUTROS, de Florian Henckel von Donnersmarck, e 4 MESES, 3 SEMANAS E 2 DIAS, de Christian Mungiu –, vejo o quanto era sofrida a vida dessas pessoas. Tanto é que a queda do muro de Berlim foi uma festa não só para os alemães da Alemanha Oriental, mas para quase todo o mundo.
E nem estou querendo enaltecer o Capitalismo não, pois sei também que nos Estados Unidos e em outros lugares (o Brasil, inclusive) houve a chamada "caça às bruxas" contra quem era simpatizante dos comunistas. Não quero ficar dedicando esta postagem a sistemas políticos. O que me interessa são as pessoas. O quanto o destino delas é perturbado por causa da decisão dos poderosos e o quanto as suas vontades, por mais simples que sejam, se tornam proibidas.
Em BARBARA, a personagem-título é uma médica que começa a trabalhar em um hospital de uma pequena cidade da Alemanha Oriental. Já no começo, percebemos que ela é uma pessoa pouco sociável, mas aos poucos o filme vai mostrando sua situação: por questões políticas, ela foi lotada nesse hospital de uma cidade em que ela não conhece ninguém e é constantemente vigiada pelos fiscais do Governo. Ela tem um plano de fugir do país. Assim, BARBARA é tão tenso e interessante quanto um filme de prisão.
Aos poucos, porém, a protagonista começa a fazer amizade com um dos médicos do hospital, que força um pouco o relacionamento, por mais que ela se mostre resistente a suas tentativas de aproximação. A personagem se torna ainda mais interessante quando vemos sua real maneira de ser: quando ela se encontra às escondidas com o namorado e planeja com ele a difícil fuga.
A narrativa é lenta e segura, com uma coesão admirável e sem ter aparentemente nenhuma sequência descartável. Pequenos detalhes de época são também objeto de interesse, como o som do pisca do carro do médico, a cada vez que ele faz uma curva; ou o som e a imagem do vento atingindo com força as árvores do local em que a personagem esconde algo. A própria fotografia parece pertencer aos anos 70 ou 80, com imagens esmaecidas. São coisas comuns, mas que ajudam a engrandecer o filme. Paradoxalmente, a aflição da situação da personagem se junta ao nosso prazer de acompanhar a trajetória de Barbara.
BARBARA é ambientado no início da década de 1980, quando a Alemanha era dividida e os países que viviam sob o julgo socialista sofriam com a falta de liberdade. Sei que hoje ainda existem aqueles que acreditam no Socialismo, mas quando assisto filmes como este – outros exemplos seriam A VIDA DOS OUTROS, de Florian Henckel von Donnersmarck, e 4 MESES, 3 SEMANAS E 2 DIAS, de Christian Mungiu –, vejo o quanto era sofrida a vida dessas pessoas. Tanto é que a queda do muro de Berlim foi uma festa não só para os alemães da Alemanha Oriental, mas para quase todo o mundo.
E nem estou querendo enaltecer o Capitalismo não, pois sei também que nos Estados Unidos e em outros lugares (o Brasil, inclusive) houve a chamada "caça às bruxas" contra quem era simpatizante dos comunistas. Não quero ficar dedicando esta postagem a sistemas políticos. O que me interessa são as pessoas. O quanto o destino delas é perturbado por causa da decisão dos poderosos e o quanto as suas vontades, por mais simples que sejam, se tornam proibidas.
Em BARBARA, a personagem-título é uma médica que começa a trabalhar em um hospital de uma pequena cidade da Alemanha Oriental. Já no começo, percebemos que ela é uma pessoa pouco sociável, mas aos poucos o filme vai mostrando sua situação: por questões políticas, ela foi lotada nesse hospital de uma cidade em que ela não conhece ninguém e é constantemente vigiada pelos fiscais do Governo. Ela tem um plano de fugir do país. Assim, BARBARA é tão tenso e interessante quanto um filme de prisão.
Aos poucos, porém, a protagonista começa a fazer amizade com um dos médicos do hospital, que força um pouco o relacionamento, por mais que ela se mostre resistente a suas tentativas de aproximação. A personagem se torna ainda mais interessante quando vemos sua real maneira de ser: quando ela se encontra às escondidas com o namorado e planeja com ele a difícil fuga.
A narrativa é lenta e segura, com uma coesão admirável e sem ter aparentemente nenhuma sequência descartável. Pequenos detalhes de época são também objeto de interesse, como o som do pisca do carro do médico, a cada vez que ele faz uma curva; ou o som e a imagem do vento atingindo com força as árvores do local em que a personagem esconde algo. A própria fotografia parece pertencer aos anos 70 ou 80, com imagens esmaecidas. São coisas comuns, mas que ajudam a engrandecer o filme. Paradoxalmente, a aflição da situação da personagem se junta ao nosso prazer de acompanhar a trajetória de Barbara.
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