terça-feira, fevereiro 08, 2011

O VENCEDOR (The Fighter)



Típico filme de superação, mas ainda assim extremamente agradável, O VENCEDOR (2010) pode ser o trabalho que levará finalmente o diretor David O. Russell para o primeiro time de Hollywood, deixando um pouco o eixo indie em que se encontrava desde o início de sua carreira. TRÊS REIS (1999) quase conseguiu, mas não o bastante, já que já se passaram mais de dez anos.

Filmes do tipo já existiam antes de ROCKY, UM LUTADOR, e o fato de a Academia já ter premiado o filme de Stallone nos anos 70 faz com que as chances de O VENCEDOR papar o prêmio principal sejam pequenas. No entanto, seu time de coadjuvantes é forte o bastante para faturar alguns. Infelizmente Mark Wahlberg continua sendo subestimado como ator, mas acredito que chegará a sua vez. O ator tem se destacado bastante ultimamente como produtor de séries de televisão, inclusive de uma de minhas favoritas (ENTOURAGE). Ele também é produtor de O VENCEDOR e deve merecer o seu crédito.

Quanto a Christian Bale, eis um ator que quase sempre impressiona pelo sacrifício físico. Em O VENCEDOR, ele novamente emagrece muito (quase tanto quanto em O MAQUINISTA) para viver um ex-boxeador decadente e viciado em crack, que está em processo de ajudar o irmão mais novo (Wahlberg) a subir na carreira. A família, apesar de bem intencionada, parece ser um problema para a ascensão do jovem lutador, que encontra refúgio nos braços de uma bela atendente de bar (Amy Adams). Melissa Leo brilha no papel da mãe dos dois rapazes.

A família irlandesa mostrada no filme é vista como unida, de sangue quente e também capaz de fazer atos ilegais para conseguir o que deseja, fazendo lembrar os italianos. As irmãs dos boxeadores são tão feias que parecem saídas de um filme do Zé do Caixão. Ainda mais com aqueles cabelos bem típicos dos anos 80 que algumas têm. Elas fazem contraponto com a beleza de Amy Adams, que faz bem o papel da garota da vizinhança que todo mundo deseja. E é justamente nos momentos em que Amy Adams se mostra uma força terna capaz de levantar a moral de Wahlberg que o filme guarda os seus melhores momentos. Eu, pelo menos, tenho como cena preferida o momento em que ela vai à casa dele, depois que ele é espancado por um adversário. Dá até vontade de apanhar, só pra receber os carinhos daquela mulher.

Mas também merecem destaque as cenas de luta. Todas bem conduzidas, ainda que sem piruetas de câmera, e com o impacto e a violência necessárias para fazer de uma luta de boxe mais do que um esporte, mas um espetáculo catalisador de nossas angústias, raivas e outras emoções mais nobres também. Sem falar que ainda ajuda a inspirar o nosso espírito competitivo.

O VENCEDOR concorre ao Oscar nas categorias de filme, diretor, ator coadjuvante (Christian Bale), duas indicações para atriz coadjuvante (Amy Adams e Melissa Leo), roteiro original e edição.

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