quinta-feira, fevereiro 10, 2011
O DISCURSO DO REI (The King's Speech)
Não deixei de ter uma ponta de decepção com O DISCURSO DO REI (2010). Esperava mais do cara que fez a obra-prima para a televisão JOHN ADAMS (2008). Talvez tenham escolhido Tom Hooper justamente por ele ter uma mão boa para dramas históricos. O filme é bem mais contido que a minissérie, provavelmente para incorporar melhor o espírito inglês. O próprio diretor, aliás, é inglês e está saindo de um quase anonimato para uma indicação de direção no Oscar. E periga de ganhar, ainda por cima, já que O DISCURSO DO REI tem se mostrado um dos grandes favoritos.
Assim como O VENCEDOR, O DISCURSO DO REI também é um filme sobre superação. Mas de uma maneira bem diferente e digamos até mais original. Afinal, pouco se sabia da história do rei gago George VI (Colin Firth), de suas dificuldades de se relacionar com as pessoas e tendo que assumir o posto de rei da Inglaterra em tempos em que o rádio era o veículo de comunicação mais popular e a Segunda Guerra era iminente. O rádio era, mais do que o jornal impresso e o cinema, a maneira mais rápida de se saber à distância o que acontecia no mundo. Mas o pobre duque, já antes mesmo de ser rei, já sofria na frente dos microfones.
Pesquisando na internet, vi que há vários outros filmes que falam de George VI, inclusive uma minissérie para a televisão britânica chamada BERTIE E ELIZABETH. Mas em geral em outros filmes, o rei aparece como coadjuvante. O personagem principal geralmente é o General Winston Churchill, figura de fundamental importância para a Guerra e que no filme de Hooper é interpretado por Timothy Spall, figura bastante familiar no cinema inglês e que cada vez mais lembra o Castrinho.
O DISCURSO DO REI é também a história de um outro homem. Do homem que auxiliou o rei a vencer alguns monstros interiores. Geoffrey Rush interpreta esse homem, que utiliza métodos que outros especialistas mais conceituados não conseguiam. E se o filme é da amizade dos personagens de Colin Firth e Geoffrey Rush, diria que a presença da esposa do rei, vivida por Helena Boham Carter, acaba ficando um pouco de lado. Ela tem a sua importância, mas o filme prefere não focar muito na intimidade do casal.
Talvez o problema do filme seja ser acadêmico demais, talvez careta demais para os novos tempos. Ainda assim, não deixa de ser um belo trabalho, com uma reconstituição de época primorosa, uma fotografia linda (principalmente para os padrões britânicos), uma direção de arte caprichada e todos esses detalhes que fazem de um filme de época um trabalho chamativo. Porém, não deixa de ser mais um passo atrás da Academia premiar este filme em detrimento de outros mais modernos. De qualquer maneira, antes esse do que A ORIGEM.
O DISCURSO DO REI concorre ao Oscar nas categorias de filme, diretor, ator (Colin Firth), ator coadjuvante (Geoffrey Rush), atriz coadjuvante (Helena Boham Carter), roteiro original, direção de arte, fotografia, figurino, edição, trilha sonora original e mixagem de som. São doze indicações.
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