sexta-feira, maio 21, 2010

SCARLET DIVA



O filme pode até ser mesmo ruim. Tive de ver "em fascículos", inclusive. Quer dizer, além de ruim, é chato. Mas vendo ontem a entrevista de Asia Argento - a que veio junto com o arquivo que baixei de SCARLET DIVA (2000) -, comecei a ter um pouco mais de respeito pelo filme. Acho que saber que se trata de uma obra autobiográfica ajudou. Asia não esconde que a personagem Anna Battista é o seu alter-ego e que muitas das situações apresentadas no filme guardam estreitas relações com a sua vida. Na entrevista, ela também não se importa em falar do quanto a criação dos pais gerou sequelas. Em especial, da mãe. E ela guardaria ainda um pouco de sua sessão de psicanálise para o seu segundo longa-metragem, o surpreendentemente ótimo MALDITO CORAÇÃO (2004). E acabaram sendo os únicos longas dirigidos por Asia, dois trabalhos muito pessoais e feitos praticamente como forma de exorcizar seus traumas.

SCARLET DIVA apresenta a protagonista se auto-entitulando a "garota mais solitária do mundo". Mas não sem antes mostrar como primeira cena pós-créditos Anna Battista sendo enrabada por um negão num trêiler. Aliás, parece até uma contradição a cena em que a atriz sofre o assédio de um produtor que quer oferecer trabalho em troca de "favores sexuais". Conversando com o tal produtor, ela comenta que quer mesmo é ser diretora; que atriz, principalmente na Itália, é tratada como prostituta. Os produtores só querem saber de tirar as roupas das moças e mostrá-las em cenas de sexo. Enquanto isso, a própria Asia não se incomoda nem um pouco em se despir e protagonizar cenas picantes no próprio trabalho. Acredito que, do seu ponto de vista, isso torna o filme não apenas mais atraente para a plateia masculina, como também oferece um retrato mais fiel da rotina profissional e amorosa da atriz.

Vale destacar uma das melhores cenas do filme, que é a primeira vez que ela "faz amor" com o rock star por quem fica apaixonada. Ela diz para ele que nunca tinha feito aquilo antes. Ele lhe pergunta se ela por acaso é virgem; ela diz que não, que é puta. Todas as relações sexuais que ela havia experimentado antes eram destituídas de amor. São questões muito interessantes e que até fariam de SCARLET DIVA um grande filme se fosse feito por um cineasta mais experiente e talentoso. Mas foi bom ter sido dirigido pela própria Asia, apesar do resultado pouco satisfatório. Outro ponto positivo do filme está no fato de flagrar a atriz no auge da beleza. De bônus, os fãs ainda vêem o anjo tatuado que vai da barriga ao púbis, em sua totalidade.

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