terça-feira, setembro 08, 2009
O SEQUESTRO DO METRÔ 1 2 3 (The Taking of Pelham 1 2 3)
O maior problema de O SEQUESTRO DO METRÔ 1 2 3 (2009), para quem viu o original de 1974, de Joseph Sargent, é justamente parecer repetitivo, ir ao cinema já sabendo da história. Era, inclusive, esse um dos motivos pelo qual eu não estava tão entusiasmado para vê-lo, mesmo considerando o trabalho anterior de Tony Scott, DEJA VU (2006), uma obra-prima. O lado divertido está em poder ver o quanto Scott imprime o seu estilo todo próprio na atualização da obra. Aliás, como ambos os filmes são baseados no romance de John Godey, podemos dizer que não se trata de uma refilmagem, mas de uma nova adaptação do livro. Quem não gosta do estilo de Scott, com um número de cortes por vezes excessivo e muitos filtros na imagem, deve continuar não gostando do trabalho do diretor, mas há muito o que se considerar neste novo filme.
E o desempenho de John Travolta é um caso à parte. Uma surpresa, levando em consideração seus últimos trabalhos, especialmente os que ele interpreta um vilão. Como cabeça do grupo de criminosos que sequestra um vagão no metrô de Nova York e exige dez milhões de dólares de resgate à prefeitura da cidade, Travolta está impressionantemente bem. É o tipo de vilão que conquista a simpatia do espectador. Talvez, mais até do que o personagem de Denzel Washington, o herói, o sujeito que atende a ligação do criminoso na central de controle e se torna o elo de ligação na negociação. O novo filme tem algumas mudanças bem interessantes em relação ao original. Entre elas, o fato de o personagem de Washington estar passando por uma situação difícil, sendo acusado de ter recebido suborno e de estar sendo investigado pela polícia.
O estilo de Scott está presente em cada fotograma, como em cada vez que o filme congela a imagem para mostrar o tempo que resta para chegar o horário estabelecido pelo sequestrador para a entrega do dinheiro. E o nível de tensão cresce de tal forma que haja unhas para roer. Como é de hábito nos filmes de Scott, cenas de batidas de carro não poderiam faltar, ainda que no caso desse filme, isso fosse até dispensável. Ainda assim, tem uma cena de batida que realmente impressiona. Em tempos de exagero no uso de efeitos de computação gráfica, Scott impõe peso e violência na cena da tal batida.
Há quem reclame de um excesso de dramaticidade nas cenas envolvendo o personagem de Washigton, mas não vejo problema nenhum. Em sua terceira colaboração com Scott nos últimos cinco anos, Denzel imprime a seu personagem um equilíbrio entre heroísmo e fragilidade raro de se ver. E o embate Denzel-Travolta é tão intenso que sobra pouco espaço para que bons atores como Luiz Guzmán, John Turturro e James Gandolfini pudessem fazer muita coisa. Mas isso não chega a ser um problema para o filme, que ainda ganha um belo desfecho.
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