terça-feira, setembro 22, 2009

A ÓRFÃ (Orphan)



O sábado até que foi movimentado. A intenção inicial era ver MOSCOU, de Eduardo Coutinho, mas as coisas mudaram ao ritmo das circunstâncias. Meio que sem planejar muito e por uma questão de horário, depois de comer um peixinho frito lá na casa do amigo Santiago, passei no Iguatemi para encarar uma sessão dupla de filmes de terror com censura 18 anos: A ÓRFÃ (2009) e ANTICRISTO. À noite, fui aos shows de duas bandas suecas do projeto Invasão Sueca, lá na Órbita, em companhia do Murilo e do Alex. (Soube ontem através da Alê que o mesmo projeto está rolando em São Paulo também.) Costumo sempre sair um pouco insatisfeito do lugar, não sei bem qual a razão, mas dessa vez até que eu saí mais animado, já que os shows foram bons. As bandas, Britta Persson e Those Dancing Days, me agradaram bastante, apesar de eu não conhecer nada do som delas. Apesar de Those Dancing Days terem feito um show mais animadinho - era quase como se estivéssemos no começo dos anos 80, no auge da new wave -, e terem feito uma cover inusitada de "Toxic", da Britney Spears, eu gostei mesmo foi da Britta Persson e seu som mais intimista.

Quanto ao A ÓRFÃ, apesar de ter as suas falhas e de ter clichês tão manjados que chegam às vezes a incomodar, o filme superou as minhas expectativas, que eram baixas. E felizmente há muito mais do que o fraco trailer julga crer. Recentemente, meu interesse pelo filme foi crescendo, por causa de uns comentários que li, onde um sujeito chegou a dizer que o filme era a melhor produção da Dark Castle até o momento. Tudo bem que a companhia ainda não tem nenhum grande filme - o melhor, talvez seja justamente A CASA DE CERA (2005), do mesmo Jaume Collet-Serra de A ÓRFÃ -, mas desde que foi fundada sempre torci pelo seu sucesso.

A ÓRFÃ causou certo incômodo em organizações de adoção nos Estados Unidos. É o tipo de filme não recomendado para casais que planejam uma adoção. Engraçado que quando eu entrei na sala, sentei numa fileira em frente de uma senhora que estava acompanhada de uma adolescente. Até achei estranho terem deixado a menina entrar, pela classificação do filme, mas parece que acompanhada de um dos pais isso é permitido. Antes de o filme começar, a senhora conversava com a menina sobre as supostas razões de a órfã do filme ter se tornado tão malvada - isso sem ter visto o filme ainda. Entre as razões, ela explicava que era talvez porque a menina havia sofrido maus tratos e não tinha aprendido a perdoar. Mal sabia ela que o filme não estava muito preocupado em buscar razões para o fato de a menina ser uma psicopata. Na verdade, há sim uma explicação-surpresa para o mistério de Esther, mas passa longe de psicologismos.

Isabelle Fuhrman faz com vigor o papel de Esther, uma garota estranha, que usa vestidos fora de moda e umas fitas pretas cobrindo o pescoço e os pulsos. Vale também destacar a interpretação de Vera Farmiga (de OS INFILTRADOS) como a mãe adotiva de Esther. O prólogo, com ela entrando grávida no hospital é chocante e tem o tom exato de pesadelo. O fato de ela ter um passado de problemas com o álcool e de quase ter matado a sua filha pequena num acidente por causa de seu vício a torna uma das personagens mais interessantes do filme. Já o marido (Peter Sarsgaard), até por ser mais facilmente manipulado por Esther, parece um personagem bobo e mal construído, mas que serve aos propósitos do filme.

Dando uma olhada nas cenas que foram excluídas das primeiras versões do roteiro no IMDB, nota-se que todas as escolhas foram sábias e feitas para tornar o filme mais ágil. Apesar de não ser um filme que "sai junto" com o espectador da sessão, A ÓRFÃ é um belo trabalho, cheio de surpresas e que, em momento algum, deixa o espectador aborrecido. Pelo contrário, o fato de vermos tanto o ponto de vista da menina psicopata quanto de suas vítimas faz com que nos tornemos espectadores impotentes, sem poder fazer nada a não ser torcer para que a família consiga escapar das maquinações e maldades de Esther.

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