sexta-feira, dezembro 08, 2006
PEQUENA MISS SUNSHINE (Little Miss Sunshine)
Vejam como eu sou desligado. Só agora que eu soube que o casal Jonathan Dayton e Valerie Faris, realizadores de PEQUENA MISS SUNSHINE (2006), são os diretores dos videoclipes de "1979", "Perfect" e "Tonight, Tonight", da minha banda do coração Smashing Pumpkins. Eu adoro esses videos. Sempre que os assisto, me emociono. Principalmente o de "1979", que tem aquela parte dos rolos de papel higiênico em cima da árvore que eu adoro. (A propósito, quem quiser saber a lista dos vídeos dirigidos pelo casal, tem no wikipedia.) Se eu soubesse disso a tempo, teria ido ver PEQUENA MISS SUNSHINE com maior expectativa e talvez até tivesse saído do cinema um pouco frustrado. Felizmente isso não aconteceu. O filme provavelmente não vai estar no meu top 20 de 2006 - o final é bem parecido com o de UM GRANDE GAROTO, que eu gostei bem mais -, mas é com certeza muito simpático. É mais um filme independente que lida com a questão dos losers, um tema de especial importância para os americanos, tão obcecados pela perfeição, por serem os melhores sempre.
PEQUENA MISS SUNSHINE é uma espécie de road movie em chave de comédia que nos apresenta a família Hoover. Greg Kinnear é o chefe de família que desenvolveu métodos de auto-ajuda. Mas apesar de todo esse papo de guru de auto-ajuda, ele mesmo não consegue ser bem sucedido. Sua esposa é talvez a mais normal da família, a mais centrada e consciente. Em compensação, a atriz que interpreta a esposa é Toni Collette, que já tem um currículo de loser bem interessante (O CASAMENTO DE MURIEL, EM SEU LUGAR). Steve Carell mostrou que não é apenas um ótimo comediante, mas também um bom ator dramático no papel do cunhado gay especialista em Proust que tentou suicídio. Alan Arkin é o avô da família que foi expulso de uma casa de repouso por causa do vício em heroína. O filho mais velho sonha em ser piloto de aviões e por isso faz voto de silêncio, comunicando-se apenas através de papel e caneta. Completando, temos a pequena Abigail Breslin como a pequena Olive, uma garotinha que usa óculos enormes e detentora de uma "barriguinha". Ignorando as imperfeições, Olive vibra de alegria quando é escolhida para participar de um concurso de beleza infantil, o Miss Sunshine. Para dar força à menina, todos resolvem pegar a estrada numa velha kombi amarela. Durante o trajeto, uma série de decepções vai acontecendo.
A graça do filme está em mostrar a família unida, apesar de todos os percalços, e de dar um "foda-se" aos bons modos e à perfeição que a sociedade tanto exige. Difícil não ficar emocionado com o final, que ganha força com a música do quarteto DeVotchKa. Interessante como ver uma ou mais pessoas dando uma força a quem precisa me emociona. Aconteceu no já citado UM GRANDE GAROTO, aconteceu num de meus filmes preferidos, SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS. A vida pode estar uma merda, mas só em ter o apoio da família, dos amigos, da namorada ou esposa ou de quem quer que seja, as coisas ganham um pouco de sentido. E sentimos no ar aquele misto de alegria e de tristeza, que não deixa de ser um sentimento muito bem vindo.
PEQUENA MISS SUNSHINE lidera a lista de candidados ao Independent Spirit Awards e tem chances de receber várias indicações ao Oscar 2007. Pena que a fama de loser se estendeu até nas bilheterias daqui. O filme só durou uma única semana em cartaz em Fortaleza. Pode ser que volte às telas se receber indicações nas categorias mais importantes do Oscar.
P.S.: Já está no ar a terceira edição da Revista Zingu! Os caras não brincam em serviço. O grande destaque dessa vez é o dossiê Ivan Cardoso.
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