quinta-feira, julho 07, 2005

DOIS WESTERNS



Quem me conhece sabe que eu prefiro os westerns mais clássicos, os de John Ford, Anthony Mann e Howard Hawks, aos dos anos 60 e 70. Curto muito o compromisso com a História que os filmes de Ford e Hawks têm. O que não significa dizer que eu não gosto de Sam Peckinpah e ou Sergio Leone, muito pelo contrário. Ainda estou descobrindo muita coisa importante desse período. Essa semana tive o prazer de conhecer o mítico RIDE IN THE WHIRLWIND (1965), de Monte Hellman. E fiquei maravilhado. Deu pra sentir, vendo esse filme, o quanto ele se apresentou como ruptura aos westerns mais acadêmicos. Por outro lado, Arthur Penn, um dos principais representantes da então nova geração do cinema de autor americano, e diretor do importante BONNIE E CLYDE (1967), fez um filme bem clássico-narrativo: PEQUENO GRANDE HOMEM (1970).

A VINGANÇA DE UM PISTOLEIRO / CAVALGADA NO VENTO / A MARCA DA VINGANÇA (Ride in the Whirlwind)

RIDE IN THE WHIRLWIND - diante de três títulos nacionais, na dúvida, fico com o original, até por ser mais famoso - é um dos filmes mais cultuados de todos os tempos. Monte Hellman é conhecido como o mestre dos chamados westerns existencialistas. Ele fazia filmes baratíssimos e foi precursor do novo cinema americano dos anos 60/70, que seria iniciado com a contribuição de diretores como Arthur Penn, Peter Bogdanovich, Martin Scorsese, Dennis Hopper, entre outros. Com um movimento importante como a Nouvelle Vague, na França, além do rebuliço em vários países do mundo, o cinema americano estava ficando pra trás. Hollywood tinha virado um velho caduco. RIDE IN THE WHIRLWIND é um filme moderno e se antecipou à revolução que viria com BONNIE E CLYDE e SEM DESTINO. O diretor foi mais uma "descoberta" dos franceses. Sempre eles para reconhecer a genialidade dos diretores que os próprios americanos desprezam.

Quando o filme começou, demorei um pouco a entrar no clima. Demora para começar a ação, os planos são diferentes do que a gente está acostumado a ver, a câmera está freqüentemente distante da ação, há uma estranheza no ar. A trama do filme é bem simples: Jack Nicholson é um caubói que, ao lado de seus companheiros, é confundido com bandidos e perseguido por vigilantes. As coisas acontecem de maneira bem diferente nesse filme. Não há uma estrutura típica de introdução, desenvolvimento e conclusão - o final é brusco; não há diálogos feitos, há muitos silêncios e momentos em que coisas desimportantes, como um simples jogo de damas, por exemplo, se tornam importantes. Fiquei realmente impressionado com o filme e adoraria ver mais Monte Hellman.

Quem estiver interessado no filme, é melhor optar pelo DVD vendido em banca, que está com o título CAVALGADA NO VENTO. A cópia está muito boa e em widescreen (1,85:1). O mesmo filme foi lançado pela Works, com o título A MARCA DA VINGANÇA, mas está em tela cheia.

PEQUENO GRANDE HOMEM (Little Big Man)

Eu falei lá em cima que esse filme é clássico-narrativo. O que o distingüe dos westerns realizados pelos mestres Ford, Hawks e Mann é a nova visão, mais politicamente correta, dos índios, anteriormente tratados como ameaça aos brancos colonizadores. PEQUENO GRANDE HOMEM mostra Dustin Hoffman como o rapaz branco que foi criado por índios Sioux desde a infância, mas que depois de um massacre que aconteceu em sua tribo, volta para as cidades dos brancos. O filme é contado num flashback a partir da narração de um velho de 121 anos de idade, mostrando também eventos da história americana e a participação de personagens ilustres como Wild Bill Hickok e o General Custer. Arthur Penn teve uma carreira bem irregular, mas era um diretor habilidoso dentro do cinema de gênero. O filme ainda conta com uma Faye Dunaway em ótima forma e muito senso de humor. Entretenimento de primeira, mas que poderia ser melhor. Gravado do SBT.

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