segunda-feira, setembro 20, 2004
DEZ (Ten)
Fim de semana chato esse que passou. E o início de semana, com a volta das dores no corpo, na cabeça e nas juntas, também não está lá essa maravilha. Tem alguma coisa muito errada comigo e ainda não encontrei quem pudesse me ajudar. Pelo menos em casa eu estava descansando, vendo filmes e seriados, lendo livros, ouvindo música. Entre os quatro DVDs que aluguei, tive a oportunidade de conferir DEZ (2002), de Abbas Kiarostami. Ainda pretendo um dia pegar os filmes dele que não vi. Antes só tinha visto ATRAVÉS DAS OLIVEIRAS (1994), que me deu sono, e O GOSTO DE CEREJA (1997), que adorei, achei excepcional. Mas ver no cinema é outra coisa.
Há um clima de O GOSTO DE CEREJA em DEZ. Ambos os filmes mostram protagonistas dirigindo carros e mostrando um retrato do Irã. Além disso, há algo no ar que deixa claro ser um filme de Abbas Kiarostami. E o mais interessante disso é que o diretor não está presente, não está dentro do carro. Ele apenas passou as instruções para as atrizes e o garoto e depois fez a montagem. Li num texto que o Filipe escreveu pra Contracampo que Kiarostami ficava dando instruções para os atores durante as filmagens através de um microfone. A câmera fica estática enquanto testemunhamos em tom documental a conversa entre a bela motorista e os passageiros em dez momentos. Dos dez segmentos, três mostram uma conversa entre mãe (a motorista) e filho. O filho, aliás, é um pé-no-saco, hein. Maltrata a sua mãe de tal forma que me deixou indignado.
Alguns segmentos são um pouco cansativos, com os atores se repetindo um pouco. Não gostei do segmento da prostituta, onde não se vê o seu rosto em nenhum momento (será que as putas usam véu no Irã?), talvez por ter ficado irritado com a sua risada. O mais emocionante pra mim foi o segmento da mulher que foi rejeitada pelo namorado e tomou uma atitude drástica em seu visual. Ela ria e chorava ao mesmo tempo. Nunca vi algo tão real num filme de ficção.
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