quarta-feira, setembro 15, 2004
LADRÃO DE CASACA (To Catch a Thief)
"Quando trato das questões de sexo na tela, não esqueço que, mesmo aí, o suspense comanda tudo. Se o sexo é espalhafatoso demais, acabou-se o suspense. O que é que me dita a escolha de atrizes louras e sofisticadas? Procuramos mulheres de alta classe, verdadeiras damas, mas que no quarto se tornarão putas. A pobre Marilyn Monroe tinha o sexo estampado em todo o rosto, como Brigitte Bardot, e isso não é muito fino."
(Alfred Hitchcock em HITCHCOCK/TRUFFAUT: ENTREVISTAS)
Estou lendo aos pouquinhos e com pena de terminar logo esse maravilhoso livro de entrevistas cobrindo todos os filmes de Hitchcock, em ordem cronológica. E finalmente estou me interessando mais em ver seus primeiros filmes, os da década de 20. Inclusive, saiu há pouco tempo, em DVD, O PENSIONISTA (1926), O RINGUE (1927) e CHANTAGEM E CONFISSÃO (1929). Muito aguardado também o pacote de fimes que a Warner estará lançando em breve aqui no Brasil. Nesse pacote tem três filmes do mestre inéditos pra mim. (Que emoção.)
Esse trecho da entrevista, acima, foi dito quando se falava sobre LADRÃO DE CASACA (1955), o filme mais caro do mestre do suspense, que assisti nesse fim de semana. A edição especial em DVD da Paramount vem com uma bela capinha de papelão cobrindo a caixa e um libreto com detalhes da produção do filme. Traz também pequenos documentários sobre as filmagens e um pequeno documentário sobre os figurinos de Edith Head.
LADRÃO DE CASACA foi o terceiro e último filme de Hitch com Grace Kelly, sua atriz favorita - e a mais linda também. Ela era uma verdadeira princesa, mesmo antes de se tornar princesa de verdade. Não sei se devia dizer isso, mas na primeira vez que a vi em JANELA INDISCRETA (1954) tive uma ereção. Esse filme é tão carregado de erotismo que a gente sente no ar a tensão sexual. Talvez seja uma fantasia minha ser cantado por uma mulher linda e ainda me dar ao luxo de me fazer de difícil. Hehehe.
LADRÃO DE CASACA também é cheio de sugestões sexuais. Tem a famosa cena do pic-nic, em que Grace Kelly pergunta para Cary Grant se ele prefere coxa ou peito; ou na cena do reveillon, no apartamento dela, em que Grace, com um colar de diamantes no pescoço, um pouco acima de um belo decote, pergunta se Grant gostaria de tocá-lo. A cena do primeiro beijo dos dois é também maravilhosa e totalmente inesperada. E a inserção da música de Lyn Murray também é muito apropriada nessa cena. Murray até teria trabalhado mais com Hitch se não tivesse feito a bestera de apresentar a Hitch um certo Bernard Hermann, que se tornaria o principal trilheiro do mestre a partir de O TERCEIRO TIRO (1955).
O título original (To Catch a Thief) tem mais a ver com Grace Kelly tentado agarrar Cary Grant do que com Grant tentando pegar o verdadeiro ladrão de jóias. A história de um homem tentando provar sua inocência, enquanto é perseguido pela polícia, é um tema recorrente na obra do diretor, como se pode ver também em SABOTADOR (1942), INTRIGA INTERNACIONAL (1959) e no dramático O HOMEM ERRADO (1956). LADRÃO DE CASACA é provavelmente o filme mais leve do diretor, com pouco suspense e muitos momentos engraçados e divertidos. O final do filme, então, é engraçadíssimo. Sobre o final, vale a pena ver o comentário de Hitchcock:
"Cary Grant deixa-se convencer, vai se casar com Grace Kelly, mas a sogra irá morar com eles. Assim é quase um final trágico."
Vê-se que não é só aqui no Brasil que a sogra é odiada, hein.
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