terça-feira, abril 15, 2003

O CRIME DO PADRE AMARO (El Crimen del Padre Amaro)

O segundo filme do final de semana que vi foi esse filme de Carlos Carrera, que concorreu ao Oscar de filme estrangeiro esse ano. O filme só aborrece um pouco nas partes políticas, mas no geral é um filme bom. O problema que ele é um pouco venenoso, um desses filmes que não tem fé na natureza humana, sempre mostrada de maneira ruim. Inclusive o personagem principal de Gael Garcia, o Padre Amaro do título, é egoísta e cúmplice da lavagem de dinheiro e dos pecados dos outros membros do clero. Logo quando ele chega na cidadezinha, ele conhece Amélia, uma jovem muito bonita, que logo o conquista. O romance se encaminha para uma tragédia. O filme tem algumas contradições: ao mesmo tempo que critica a igreja e a hipocrisia da sociedade católica, ele traz como fundo musical músicas sacras inapropriadas para os momentos. O negócio é sair do cinema e procurar algum lugar pra cuspir.

ROGER E EU (Roger and Me)

Finalmente, depois de tantas vezes que passou no SBT, dessa vez eu pude gravar esse interessante documentário de Michael Moore, o cineasta que chamou o Bush de presidente fictício na festa do Oscar. O cara é mesmo muito bom e o trabalho árduo e longo de feitura desse documentário demonstra que ele quando quer mesmo uma coisa, ele vai atrás. ROGER E EU é a tentativa de Michael Moore de falar com Roger Smith, presidente da GM, empresa de carros que fechou fábricas na cidade natal de Moore, Flint. A situação virou uma tragédia, já que a base financeira e toda a riqueza da cidade existia graças à fábrica. Resultado: demissões em massa, pessoas abandonando a cidade, outras despejadas por não poder pagar o aluguel etc. Taí um bom exemplo de filme de esquerda e que exige uma atitude de responsabilidade do governo e dos empresários para com o povo, em detrimento da política neo-liberal reinante.

ROCCO PAPALEO ( Permete? Rocco Papaleo)

Filme de 1971 de Ettore Scola, um dos grandes cineastas ainda em atividade na Itália. Nesse filme, Marcelo Mastroianni é o Rocco Papaleo do título. Ele é um sujeito bem bobão, que se apresenta pra todo mundo na rua, dizendo "muito prazer, Rocco Papaleo". O filme se passa na Nova York psicodélica do início dos anos 70. Rocco se apaixona por uma modelo e fica obcecado pela moça. Ao mesmo tempo encontra mendigos, prostitutas e homossexuais, sempre agindo de maneira bondosa ou ingênua com as pessoas que encontra. Engraçada a cena em que ele conhece um rapaz e só vai perceber que ele é gay depois de alguns minutos num clube gay com homem dançando com homem. Heheheh.. Um dos filmes mais simpáticos e, ao mesmo tempo, mais amargos de Scola. Gravado da BAND.

Meu top 5 de filmes do Scola:

1. UM DIA ESPECIAL (1977)
2. OS NOVOS MONSTROS (1978)
3. A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (1991)
4. CONCORRÊNCIA DESLEAL (2001)
5. FEIOS, SUJOS E MALVADOS (1976)


NA MIRA DA MORTE (Targets)

Estréia de Peter Bogdanovich no cinema de ficção (1968), NA MIRA DA MORTE é excelente. Traz Boris Karloff como o velho ator de filmes de terror que está cansado da profissão e quer se aposentar. Paralelamente, um atirador maluco inicia sua carreira de crimes na cidade, praticando tiro ao alvo em pessoas. O final é espetacular. É interessante ver esse filme nos dias de hoje, assombrados por loucos como o assassino do shopping durante a sessão de CLUBE DA LUTA aqui no Brasil, ou o atirador misterioso nos EUA. Gravado da BAND. Quem não viu, não deixem de ver ou gravar essa preciosidade na próxima oportunidade.


MAHLER

Antes de dirigir a opera rock TOMMY, Ken Russel fez MAHLER (1974), cinebiografia pouco ortodoxa do músico Gustav Mahler. Os filmes de Ken Russel tem um gostinho de diferente sempre. Não sou muito fã do trabalho dele, mas alguns filmes são realmente notáveis. Esse não é dos melhores, mas só em ser uma experiência que foge da mesmice das cinebiografias comportadas, já vale ver. Russel gosta muito de música. Em sua filmografia há filmes sobre Lisz, Tchaikovski, sobre música folk, opera rock etc. Gravado do canal Mundo.

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