sábado, março 06, 2021

WANDAVISION



Foi um presente para os fãs da Marvel esta minissérie tão bem desenvolvida e tão bem planejada. Depois de um ano em que não tivemos nenhum filme da Casa das Ideias por causa do atual cenário mundial, só de ver novamente a vinheta da Marvel já foi uma alegria. E quando damos de cara com uma série tão inventiva, que brinca com a história da televisão americana em seus primeiros episódios, com as sitcoms de diferentes décadas, ao mesmo tempo que segue sendo uma trama de ação, comédia e mistério, tudo isso só nos deixa ainda mais impressionados. O passo que a Marvel deu com WANDAVISION foi decisivo para conquistar agora também os lares, depois de ter conquistado os cinemas.

É verdade que houve um bocado de decepção na conclusão de WANDAVISION (2021), mas é inegável que esta primeira minissérie da Disney + fez o que praticamente nenhuma outra série conseguiu. Mais até do que LOST, pois os tempos agora são outros e os canais de YouTube, cada vez mais nossos companheiros nesses tempos de pandemia, se mobilizaram bastante durante as nove semanas que durou a minissérie. Aliás, que bela estratégia essa da Marvel de não repetir o que a Netflix faz e entregar apenas um episódio por semana. Pensava-se que isso estaria perdido com o fim de GAME OF THRONES, mas felizmente não está.

Em vez de jogar todos os episódios de uma só tacada e garantir uma repercussão de uma semana, WANDAVISION garante uma repercussão gigante de pelo menos nove semanas. Digo “pelo menos”, pois a Marvel está sempre interligando seus filmes e esta é a primeira série da Casa das Ideias que realmente é essencial que seja vista junto com os filmes para cinema, ao contrário das demais (AGENTES DA S.H.I.E.L.D, AGENTE CARTER, e principalmente as séries do DEMOLIDOR, JESSICA JONES etc., exibidas na Netflix), que não tinham uma ligação tão estreita com esse universo. E isso é totalmente coerente com o espírito dos quadrinhos da Marvel, que sempre tiveram essa forte preferência pela continuidade. Por mais que acabem os arcos, todas as histórias seguem continuando e continuando e sendo integradas com as histórias de outros heróis. E assim foi construído também o Universo Cinematográfico Marvel desde HOMEM DE FERRO (2008).

É impressionante a ousadia que a equipe da Marvel teve e também seu bem-sucedido planejamento (não é incrível que eles já tenham prontas todas essas séries em plena pandemia?). A ousadia aqui, no caso, se refere principalmente à ótima ideia de homenagear séries de televisão de maneira muito criativa. A trama principal é inspirada tanto em Visão, a premiada minissérie mais recente de Tom King e Gabriel Hernandez Walta, quanto nas histórias dos anos 1970 dos Vingadores que mostraram o drama da Feiticeira Escarlate depois que soube que seus filhos não são reais, mas criados por sua mente. Ou seja, souberam aproveitar a história de uma mulher extremamente poderosa que entra em colapso e faz coisas inimagináveis.

Como nos quadrinhos, há uma participação fundamental de Mefisto (o diabo da Marvel), era natural que se criassem inúmeras teorias sobre a participação do vilão na história de WANDAVISION. E muita gente quebrou a cara, assim como quebraram a cara quando acreditaram que o Pietro, não o Pietro do UCM, morto em VINGADORES - ERA DE ULTRON (2015), mas o dos X-Men (da Fox), vivido por Evan Peters, e quem seria uma possível indicação de que a Marvel estaria trazendo à tona o conceito de multiverso.

De todo modo, não creio que as escolhas dos Estúdios Marvel tenham sido ruins. Ao contrário, ao final ficamos sabendo sobre o que é de fato a série: sobre perda e luto. E trazer isso dentro de um formato colorido e cheio de momentos também de bom humor, até como forma de esquecer as dores, só mostra o quanto os criadores da série foram sensíveis aos personagens e ao assunto.

Também é sobre o amor intenso de Wanda pelo Visão, o sintozóide morto em VINGADORES - GUERRA INFINITA (2018), e que ganha vida graças aos poderes de manipulação da realidade de Wanda. Aliás, vale destacar aqui o excelente trabalho de interpretação de Elizabeth Olsen e Paul Bettany, que formaram até agora o mais comovente e bonito casal do UCM. Eles funcionam tanto no registro da comédia (quando a série emula as sitcoms), quanto no registro dramático. Destaquemos também a grande vilã, Agnes/Agatha Harkness, vivida por Kathryn Hahn.

Uma curiosidade é o nome de Jac Schaeffer, que aparece como criadora da minissérie. Vendo no IMDB, ainda que apareça vários créditos dela como roteirista, seu único longa-metragem na direção é o pouco conhecido TIMER - CONTAGEM REGRESSIVA PARA O AMOR (2009), uma mistura de comédia romântica com ficção científica. Ou seja, tem tudo a ver com WANDAVISION, aparentemente. Isso só mostra o quanto a Marvel é antenada em descobrir jovens realizadores que podem contribuir com seus talentos para a companhia.

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