domingo, novembro 29, 2015
STRAIGHT OUTTA COMPTON – A HISTÓRIA DO N.W.A. (Straight Outta Compton)
Um dos grandes sucessos nos cinemas americanos este ano foi STRAIGHT OUTTA COMPTON – A HISTÓRIA DO N.W.A. (2015), cinebiografia do maior grupo de rap dos Estados Unidos, e que teve uma importância muito grande na luta pela liberdade de expressão e também pelo crescimento do poder aquisitivo de vários artistas negros do país, que passaram de jovens pobres da periferia de Los Angeles, para milionários em um intervalo de tempo até que bem pequeno.
Dos cinco nomes do N.W.A., os nomes mais famosos, até por depois trilharem carreira solo, foram Ice Cube, Dr. Dre e Eazy-E. E justamente por isso os três são mais iluminados na narrativa que mostra os primórdios da formação do grupo, quando Eazy-E se inspirou em gângsteres de verdade da região onde morava para construir letras sobre situações violentas, e muitas vezes assumindo o papel de bandidos no eu lírico das músicas. Com a ajuda dos demais e também o talento de Dr. Dre para construir a musicalidade do grupo, a história de glória, decadência, separação, retorno e algumas tragédias é contada de maneira acertada por F. Gary Gray, cineasta afro-amereicano que estava um pouco de molho nos últimos anos, mas que voltou a ser um nome quente em 2015.
STRAIGHT OUTTA COMPTON funciona como uma espécie de aula de história do gangsta rap e do hip hop californiano dos anos 1980 e 90, embora uma ou outra coisa possa não ser vista como verdadeira, já que se trata, no fim das contas de uma obra de ficção. Dizem, por exemplo, que Dr. Dre não era essa pessoa tão simpática e afetuosa como foi pintada no filme, que talvez tenha escondido os seus defeitos. Em compensação, Ice Cube é visto de maneira bem mais violenta, embora seja uma pessoa que aprendemos a gostar muito também. A turma que os interpreta é outro acerto do filme, sendo que um deles, O’Shea Jackson Jr., é filho de Ice Cube. A cara do pai.
Como o rap é um estilo musical que depende muito das letras – é talvez o maior exemplo do retorno da valorização das rimas no mundo contemporâneo – é fácil entender que esses artistas não tenham feito o mesmo sucesso no Brasil, já que nós temos os nossos próprios rappers cantando em português brasileiro, falando de realidades diferentes, embora possamos enxergar no trabalho de alguns deles traços em comum com o dos americanos. Ver o filme legendado e acompanhar o significado de algumas das letras é bem recompensador.
Gary Gray é um excelente narrador e o filme flui muito bem em suas quase duas horas e meia, que passam voando. E olha que muita coisa foi vista de maneira muito rápida e poderia ser melhor explorada. Mas o corte final foi muito feliz e não há muito do que reclamar do resultado final, como narrativa, principalmente para quem não conhece a fundo a história dos rappers. Há as tretas com os empresários, a dissolução do grupo, as festas, as drogas, a ligação com o tráfico, a violência, a censura, a luta de classes etc. Tudo isso narrado ao som de um batidão de primeira e letras cuspidas como balas de uma metralhadora.
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