terça-feira, abril 05, 2011

VIPS



E Wagner Moura se mostrou um ator tão extraordinário que até um filme menor como este VIPS (2011) se torna um ítem quase obrigatório. Claro que o filme tem as suas qualidades. Só o tema em si não deixa de ser bem interessante. Afinal, o personagem principal, interpretado por Moura, não é apenas um golpista, um mentiroso, mas um sujeito que mente tão bem que acredita nas próprias mentiras. Aí é que está a beleza da coisa. Até lembra aquele famoso poema do Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor..."

Wagner Moura é Marcelo do Nascimento, um rapaz que não quer ser um "zé ninguém" na vida e que acredita ser filho de um piloto de avião. Ele tem tanta fixação por aviões, que acaba arranjando um jeito de pilotar um, envolvendo-se com traficantes de drogas e armas no Paraguai. Aliás, um dos melhores momentos do filme é vê-lo cantando "Será", da Legião Urbana, com ele imitando inclusive a dança de Renato Russo, num inferninho paraguaio, cheio de tipos exóticos. Outro momento divertido é quando ele se faz passar por filho do dono da Gol, e nisso até o próprio Amaury Jr. participa interpretando a si mesmo.

Trata-se de um filme que ousa muito pouco nos aspectos formais. O diretor, Toniko Melo, faz apenas o "feijão-com-arroz" habitual, mas faz com competência. O ponto alto acaba sendo o modo como ele finaliza o filme, mas podemos atribuir o mérito ao roteirista Bráulio Mantovani, o homem por trás de obras como TROPA DE ELITE, CIDADE DE DEUS, CHEGA DE SAUDADE, QUERÔ e TROPA DE ELITE 2. Por outro lado, colocar Wagner Moura no papel de um menino de 17 anos foi forçar demais a barra. Ter arranjado um garoto parecido com ele talvez fosse a melhor opção. Ainda assim, ainda que não seja um grande filme, a presença de Wagner Moura cada vez mais tem tornado a ida ao cinema bem recompensadora.

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