segunda-feira, dezembro 27, 2010

O ASSASSINO EM MIM (The Killer inside Me)



A essa altura muita gente, até mesmo aqueles que não viram O ASSASSINO EM MIM (2010), já devem ter ouvido falar ou lido a respeito da polêmica sequência em que Casey Affleck espanca Jessica Alba de tal maneira que seu rosto fica parecendo uma bola de carne. E por mais que se esteja preparado, é difícil não se sentir intoxicado. Pode-se dizer que esse é um dos momentos em que o cinema contemporâneo se mostrou mais violento. Segundo o diretor Michael Winterbottom, a intenção foi traduzir da maneira mais próxima possível para as telas o romance de Jim Thompson, escrito na década de 50.

Outro elemento perturbador é o fato de Lou Ford, o xerife psicopata de Casey Affleck, narrar em voice-over, numa boa utilização do recurso, pois o filme a princípio não entrega o caráter do personagem, o que gera um clima de dúvida sobre suas reais intenções. Aliás, se o sujeito é mesmo um psicopata fica bem difícil entender a sua mente, por mais que o filme tente pôr um pouco de lógica na trama.

E a trama tem os seus mistérios, lembrando muito o ciclo do film noir dos anos 40 e 50, em que muitos eventos ficam sem solução. É o caso de O ASSASSINO EM MIM, que deve muito de seu valor à ótima interpretação de Casey Affleck. Curiosamente, seu personagem lembra um outro de mesmo sobrenome que ele interpretou poucos anos atrás: em O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD. Trata-se de um personagem que aparentemente não faz mal a uma mosca, mas que surpreende no que é capaz. E o mais interessante disso tudo é que a gente acredita quando ele diz que ama de verdade a personagem de Jessica Alba. O que só aumenta a complexidade da mente do indivíduo. A dor que sentimos, por exemplo, é nossa ou é também dele?

A trama ainda conta com outros grandes nomes de importância e destaque, como Kate Hudson, a noiva que quer saber por que o rapaz anda se comportando tão estranhamente ultimamente. Elias Koteas é o sujeito que mais suspeita da culpa de Ford. Outros personagens, como os de Ned Beatty, Tom Bower e Simon Baker só ajudam a tornar o enredo mais complicado. O que não deixa de ser uma de suas qualidades. Faltou pouco para ser um grande filme.

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