quarta-feira, julho 21, 2010
A MOSCA DA CABEÇA BRANCA (The Fly)
Em minha lenta peregrinação pela obra de David Cronenberg, resolvi aproveitar para fazer um parênteses. Antes de rever A MOSCA (1986), de Cronenberg, por que não ver A MOSCA DA CABEÇA BRANCA (1958), de Kurt Neumann? Não duvidava que me divertiria com o filme, mas não esperava que fosse gostar tanto. Pra começar, trata-se de uma obra bem diferente da que foi gerada por Cronenberg. A presença sempre bem vinda e simpática de Vincent Price também ajuda a tornar a apreciação do filme uma beleza. Sem falar que trata-se de um belo representante da cultura e do comportamento americanos da época. Tempos em que os filmes de horror deram lugar à ficção científica por causa do medo da bomba atômica e que as famílias pareciam saídas de comercial de sabão em pó, de tão belas e certinhas que pareciam.
Contudo, A MOSCA DA CABEÇA BRANCA não oferece esse painel paradisíaco do american way of life de início. O filme já começa com uma estranha morte. Patricia Owens é Helene Delambre, a esposa do cientista Andre Delambre (David Hedison), liga para o cunhado (Vincent Price) e pede para que ele ligue para a polícia, pois ela havia acabado de matar o marido. Já nota-se aí um grande mistério, que torna-se ainda mais instigante com as circunstâncias da morte do cientista, com a cabeça e um de seus braços completamente esmagados por um instrumento de metal.
Só saberemos a verdade a partir do flashback de Helene, que é quando finalmente vemos similaridades entre este filme e a refilmagem de Cronenberg. Ambos os filmes mostram o cientista lidando com uma máquina de teletransporte. Ambos os cientistas mostram suas experiências malucas e revolucionárias para suas parceiras e ambos cometem o erro de utilizarem a si mesmos como cobaias do experimento. No caso do filme de Cronenberg, a mudança do homem em mosca acontece gradualmente, como uma doença. No filme de Neumann, a mudança é bem mais brusca. O momento da mulher tirando o pano que cobre o rosto transformado do marido e a sua visão já estão entre os momentos mais impactantes do cinema fantástico de todos os tempos. O final também é bem memorável.
Agradecimentos ao amigo Amsterdan, que me emprestou o dvd. Vale dizer que o dvd da ClassicLine está em scope e com um technicolor de dar gosto.
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