sábado, junho 13, 2009
TRUE BLOOD – A PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA (True Blood – The Complete First Season)
Nos últimos dias, eu não consegui assistir outra coisa que não fosse TRUE BLOOD. Por mais que eu estivesse disposto a ver um Hitchcock ou um Almodóvar em casa, era como um vício: a vontade de ver mais um episódio da série era maior. E hoje acabei de chegar ao fim dessa deliciosa e ousada primeira temporada (2008), que deixou um gostinho de quero mais, que será saciado aos poucos muito em breve, já que amanhã a segundona já começa a ser exibida nos Estados Unidos. Uma das coisas que mais me deixou impressionado nesta série de Alan Ball (criador da maravilhosa e saudosa A SETE PALMOS, 2001-2005) é a facilidade com que se criam personagens cativantes. E mesmo assim, eles têm a coragem de se desfazer de vários desses personagens. Eu gostei especialmente de duas lindas coadjuvantes: Dawn (Lynn Collins, que está em X-MEN ORIGENS: WOLVERINE) e Amy (Lizzy Caplan, que pode ser vista como uma das protagonistas de CLOVERFIELD – MONSTRO). Mas por mais que elas roubem a cena quando aparecem, elas não fazem parte do núcleo principal. Outra mulher belíssima que entra no finalzinho da temporada e que parece que vai fazer parte do núcleo principal é Maryann (Michelle Forbes, conhecida de quem vê EM TERAPIA). Sua primeira aparição é rápida, mas inesquecível.
Para muitos, TRUE BLOOD pode ser considerada uma versão para adultos de CREPÚSCULO, já que também lida com a história de amor de uma jovem moça por um vampiro. Só que há uma porção de diferenças gritantes entre essas duas obras. A primeira delas é que, enquanto o filme é produzido para um público jovem, quase como um romance para meninas, a série da HBO não dispensa sexo, sangue, violência, gore. Talvez nunca o horror tenha invadido a televisão com tanto estilo desde TWIN PEAKS. É possível, inclusive, estabelecer comparações entre uma série e outra: ambas mostram personagens que têm segredos; ambas lidam com o fantástico e o sobrenatural; ambas se passam em cidadezinhas do interior dos Estados Unidos. No caso de TRUE BLOOD, a trama se passa em Louisiana e há todo um cuidado para explicitar as características mais marcantes do lugar. Muito de Louisiana e da série é resumido nos créditos de abertura, ao som de "Bad Things", de um artista que eu não conhecia: Jace Everett. Na sequência de abertura, vemos sexo, sangue, crentes exorcizando demônios, o pântano, enfim, o que há de bonito e de doentio no coração dos Estados Unidos.
A trama se passa num universo onde os vampiros fazem parte da sociedade, embora sejam, naturalmente, alvo de preconceito pela grande maioria dos mortais. É nesse mundo que surge Bill (Stephen Moyer), o vampiro que conquista o coração de Sookie (Anna Paquin, ganhadora do Globo de Ouro na categoria drama deste ano). Sookie tem o dom de escutar os pensamentos das pessoas e tem um irmão que vive em encrenca, Jason (Ryan Kwanten). Logo nos primeiros episódios, ele é acusado de ter assassinado uma jovem mulher com quem teve relações sexuais de maneira pouco ortodoxa. No núcleo principal, há também Sam, o dono do bar local, que também tem os seus segredos, e Tara, a amiga de Sookie que não consegue ter estabilidade em sua vida devido ao seu temperamento explosivo. E em meio a vampiros, jovem que lê mentes e um assassino à solta, há sempre mais espaço para mais elementos fantásticos. Isto é, quem procura uma série mais pé no chão, talvez não goste muito de TRUE BLOOD. Mas quem estiver disposto a se deixar levar pelo fantástico, não é difícil amar cada episódio, cada vez que se ouve o som de "Bad Things" após o prólogo.
Uma das coisas que distingue TRUE BLOOD de séries mais "tradicionais" da HBO é a utilização escancarada dos ganchos. Do tipo que faz a gente ficar louco pra ver logo o episódio seguinte pra saber o que vai acontecer. E seus personagens não são tão "preto no branco". Por mais que gostemos do vampiro "do bem" Bill, ele não deixa de ser um vampiro e eventualmente pode deixar muita gente incomodada com seus atos. Mas como vemos que os humanos são tão doentes e perversos quanto os vampiros, a tentativa de se fazer um julgamento contra os sanguessugas vai por água abaixo. A série também aproveita para criar novas regras para os seus próprios vampiros. Como já era uma tendência desde as crônicas vampirescas de Anne Rice, os vampiros não têm mais medo de cruz e de água benta, como nos filmes de horror clássicos. Entre as maiores inovações, no universo da série, o sangue dos vampiros é valioso e é vendido no mercado negro como uma droga altamente potente, que expande a consciência e faz com que as pessoas entrem em contato com o coração do universo, com a natureza.
No segundo episódio, destaque para uma brincadeira que pode passar despercebida: um jornal com a manchete de que Angelina Jolie adotou uma criança vampira. Pra mostrar que a série, apesar de ter em geral um registro dramático, não deixa de ter o seu senso de humor todo particular.
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