sexta-feira, abril 03, 2009
PASSAGEIROS (Passengers)
E Rodrigo García se meteu numa fria num filme claramente distante de seu estilo. Sua primeira experiência no gênero "suspense sobrenatural" pode ter feito alguma diferença no aspecto do andamento narrativo, mas o roteiro pouco original não ajuda. O resultado é um filme para ser esquecido assim que se sai da sala de cinema. García tem um histórico interessante de trabalhos com um forte interesse na psicologia dos personagens. Talvez por isso ele tenha sido convidado para dirigir PASSAGEIROS (2008), que conta a história de uma terapeuta (Anne Hathaway) que é chamada para tratar de um grupo de sobreviventes de um voo. Durante as reuniões, o que inicialmente lhe chama a atenção é o fato de haver uma discrepância no depoimento de algumas pessoas. Um deles diz ter visto uma explosão, uma luz, antes do avião começar a cair; outra diz que não viu nada disso. A coisa começa a ficar estranha quando seus pacientes começam a desaparecer. E mais estranha ainda quando um outro sobrevivente do voo (Patrick Wilson) passa a assediá-la e saber coisas de sua vida. Ainda no elenco, e trazida direto de EM TERAPIA (2008), Dianne Wiest, como uma nova vizinha da terapeuta, e David Morse como funcionário da companhia aérea.
Se numa obra autenticamente sua, o andamento lento funciona para imprimir mais profundidade à ação e aos personagens, em PASSAGEIROS, a impressão que fica é que o diretor parecia pouco satisfeito com o trabalho, resultando num filme modorrento, num suspense de baixo orçamento que nem consegue trazer uma cena de acidente de avião decente e nem o bom elenco (pouco comum no gênero atualmente) ajuda. Talvez porque demore demais a se assumir como suspense sobrenatural, PASSAGEIROS não diga a que veio a tempo. Quando chega a já esperada revelação final, o público recebe com frieza e pouco entusiasmo. Até porque trata-se de uma revelação já vista em pelo menos dois trabalhos de sucesso dos últimos dez anos. E de maneira muito mais intensa e envolvente. Aliás, "envolvente" é uma palavra que falta no dicionário do filme. Em momento algum fiquei envolvido com os personagens, em especial com a protagonista, Anne Hathaway, uma atriz que tem atirado para todos os lados em sua curta mas expressiva carreira.
Quanto a Patrick Wilson, ele tem uma cara de sujeito estranho mesmo e o papel até que combinou com ele, embora eu não goste especialmente de suas atuações. Sem querer entregar o final do filme, mas já avisando que posso dar alguma dica nas linhas a seguir, uma coisa que dá para refletir ao final do filme é o quanto Hollywood tem abraçado a temática espírita. Isso, num país que não tem uma tradição nessa religião, no sentido prático, mas que sempre se mostrou interessada nos eventos relacionados à vida imediatamente após a morte. E isso não deixa de ser interessante. Mostra uma abertura maior no campo espiritual e talvez até prepare alguns espectadores para aquele momento inevitável que todos experimentaremos um dia.
P.S.: Ontem eu recebi a notícia de que a revista SET morreu. Não sei se isso é reversível, se os editores vão encontrar outra editora, já que o que aparentemente aconteceu foi que a Editora Peixes fechou as portas. O mercado editorial brasileiro anda mesmo mal das pernas e não tem suportado a crise nem a concorrência com a internet. Por mais que eu não fosse fã do formato então vigente da revista, sabia que para sobreviver talvez fosse mesmo preciso lidar com uma linha mais pop. O problema é que muitos leitores da revista do fim dos anos 80 e início dos 90 deixaram de lê-la justamente por causa disso. A sessão de cartas passava a impressão de que todos os leitores eram uns idiotas, o que não é nada bom para a imagem da revista. Mesmo assim, fico na torcida pelo seu retorno (tenho todas as edições desde 1987, menos a número 1 e uma com a Demi Moore na capa, que o cachorro destruiu).
P.S. 2: A segunda temporada de EM TERAPIA começa neste fim de semana nos Estados Unidos.
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