domingo, junho 15, 2008
FIM DOS TEMPOS (The Happening)
Já repararam que mesmo aqueles que não gostam dos trabalhos de M. Night Shyamalan têm sempre que dar um pitaco sobre algum filme dele? Que basta falar em seu nome que aparecem apreciadores e detratores para comentar? Mesmo sendo o maior saco de pancadas da atualidade, o diretor continua "remando seu barco", nem que seja para ter seu último trabalho tratado como lixo ou para dizerem (mais uma vez) que ele chegou ao "fundo do poço". Isso vem acontecendo desde SINAIS (2002), na verdade. E mais uma vez estou aqui para defender o trabalho de Shyamalan, definitivamente o mais controverso cineasta da atualidade. E dentro de sua curta mas marcante filmografia, é de SINAIS que FIM DOS TEMPOS (2008) mais se aproxima, tanto pela temática apocalíptica, quanto pela forma séria com que ele trata o assunto. Aliás, essa seriedade, assim como em SINAIS, é ambígua. Já vi gente dizendo por aí que um dos problemas do filme é se levar a sério demais. Mas talvez a temática do filme, que remete à ecologia não seja mesmo motivo de piada, ainda que possa haver alguma forma sutil de humor dentro da estrutura dramática do filme. Ou talvez Shyamalan seja um diretor que queira emular os filmes de ficção científica e de terror da década de 50.
O que é importante é que depois do balde de água fria que foi A DAMA NA ÁGUA (2006), pra mim, FIM DOS TEMPOS, ainda que longe de ser uma obra-prima como A VILA (2004), é um retorno do diretor ao seu velho estilo, é um filme com a sua cara. Mesmo assim, há quem diga que Shyamalan se rendeu à indústria, que FIM DOS TEMPOS é um filme de concessão. No entanto, pelo que eu li a respeito, a idéia do filme já havia sido pensada antes de o diretor ter cortado relações com a Disney. E como se trata também de um filme escrito, produzido e dirigido por ele mesmo, o máximo que Shyamalan pode ter feito em termos de concessões foi ter aceitado alguns cortes para deixar a obra mais enxuta - 90 minutos de duração. Há um quê de GUERRA DOS MUNDOS nesse novo filme, inclusive na forma drástica como termina. Só que sem muito dinheiro envolvido, sem muitos efeitos especiais. É uma obra bem mais modesta, como se Shyamalan quisesse por um momento não ser levado tão a sério, como se fosse um filme feito para "baixar a poeira". Ao que parece, mais uma vez isso não ocorreu.
Na trama, em pleno Central Park, um grupo de pessoas passa a se suicidar misteriosamente. Logo depois, os fenômenos vão surgindo em outras áreas, atingindo praticamente todo o noroeste americano. Mark Wahlberg (cada vez melhor como intérprete) é um professor de Ciências que, devido a esse evento extraordinário, tenta levar sua esposa (Zooey Deschanel) para longe de Nova York. O pânico das pessoas é seguido das inúmeras teorias que vão surgindo a respeito do evento - desde um ataque terrorista até a de que se tratam de toxinas vindas das próprias árvores que destroem o instinto de preservação da raça humana. Enquanto não se descobre o que realmente está acontecendo, Walhberg, sua esposa, seu amigo (John Leguizamo) e a filha dele procuram sair o mais rápido possível da zona de perigo. A semelhança com A VILA está na atmosfera opressiva do vento e das árvores no momento do "ataque". Para quem gosta de seqüências mais gore, essas estão presentes no filme, ainda que sejam poucas, mas o suficiente para me deixar um pouco surpreso. Quanto à motivação do diretor e o significado (quase óbvio) da "mensagem" do filme, considero até louvável a sua intenção. Mas o que será mais importante em FIM DOS TEMPOS: a mensagem que o filme quer passar (e que pode muito bem não ser exatamente o que todo mundo acha), o clima de suspense, terror e aventura, misturado com uma boa dose de melodrama e romance, ou a chamada mise-en-scene, ou seja, a maneira como ele dirige? Não sei. Só sei que fiquei feliz de ter visto o filme e acredito que Shyamalan ainda vai fazer muito barulho.
P.S.: Antes da exibição de FIM DOS TEMPOS, passou o trailer do novo Mojica: ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO! Foi emocionante! Acreditam que teve gente que bateu palmas? Outros, surpresos, perguntavam a si mesmos: é terror? é brasileiro? Mal posso esperar para ver a recepção do filme, quando de sua estréia em agosto.
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