quarta-feira, fevereiro 13, 2008

DEPOIS DO CASAMENTO (Efter Brylluppet)



Estou conhecendo o trabalho de Susanne Bier de trás pra frente. Depois de ter visto a sua eficiente estréia em Hollywood com COISAS QUE PERDEMOS PELO CAMINHO (2007), tive a oportunidade de conferir no cinema, através de uma pequena mostra com os melhores filmes de 2007 organizada pelo pessoal do Cinema de Arte, o excelente DEPOIS DO CASAMENTO (2006). E fiquei impressionado com a maravilha de melodrama que Bier constrói nesse belíssimo trabalho que passou batido por mim no ano passado. Com certeza, teria entrado no meu top 20 de 2007 se o tivesse visto na época em que ele ficou em cartaz aqui. Mas fui bobo e esnobei os escandinavos, que nos últimos anos não tinham mesmo me deixado muito satisfeito, mas com certeza DEPOIS DO CASAMENTO fez eu rever meus conceitos. Vi o filme numa sessão única exibida na quarta-feira de cinzas à noite, junto com um pequeno grupo de outros retardatários.

Fazia tempo que não via um melodrama, no sentido puro da palavra, tão bom, desses de fazer chorar mesmo. O título do filme não entrega do que se trata, embora o enfoque de Bier seja já conhecido: os conflitos familiares e de relacionamento. Na trama, Jacob (Mads Mikkelsen) é um dinamarquês trabalhando como professor numa escola bem pobre na Índia. Ele parece bem satisfeito com seu trabalho e tem um forte vínculo afetivo com as crianças que ele alfabetiza. Uma delas, inclusive, ele tem quase como um filho. Ele recebe a notícia de que a escola estaria prestes a receber uma bela quantia em dinheiro de um mega empresário de Conpenhague, mas a quantia só seria repassada para os cofres da escola depois que Jacob fosse à Dinamarca conhecer pessoalmente o sujeito generoso. O tal sujeito é um bom pai de família chamado Jørgen (Rolf Lassgård), que faz o possível para esticar a estada de Jacob na cidade. Inclusive, convidando-o para a cerimônia de casamento de sua filha, de vinte anos. A primeira surpresa que Jacob tem é saber que a esposa de Jørgen é uma ex-namorada sua, Helene (Sidse Babett Knudsen), que ele não via há cerca de vinte anos. A outra surpresa acho que fica até meio óbvio pra quem está lendo esse parágrafo, mas o filme não se sustenta apenas nesse drama familiar. Há muito mais emoções pela frente.

DEPOIS DO CASAMENTO seria uma espécie de evolução do que se intencionava criar com o Dogma-95, tanto que há até algo em comum como o Dogma #1, FESTA DE FAMÍLIA, e Bier chegou a fazer um filme no esquema Dogma, CORAÇÕES LIVRES (2002), que eu não lembro se chegou a passar nos cinemas daqui ou se saiu em dvd. Mas Susanne Bier se soltou um pouco das amarras do Dogma para fazer um filme cheio de sentimento e com música, ainda que utilizada de maneira discreta, se formos comparar com os melodramas americanos, que a utilizam bastante, como auxiliar para provocar lágrimas da audiência. Bier, ao contrário, o faz com um belo uso da câmera, dos cortes, dos closes no rosto dos personagens em situações de surpresa e perplexidade. Além do mais, os personagens são fáceis de serem queridos, mesmo o milionário, que a princípio parece ser um pouco arrogante, vai se tornando, e com razão, um dos preferidos da audiência. DEPOIS DO CASAMENTO é filme pra sair do cinema com os olhos vermelhos e a alma lavada. Será que vale a pena ir atrás dos outros filme da diretora? Tenho impressão que sim.

P.S.: Alguém que é leitor do blog ainda acompanha PRISON BREAK? Só queria deixar registrado que acabei de ver um dos melhores episódios de toda a série, o de número 12 da terceira temporada. Eletrizante como talvez nenhum episódio de 24 HORAS conseguiria ser. E é impressionante como essa série renasce das cinzas e continua me deixando uma pilha de nervos, querendo ver o episódio seguinte imediatamente. Sorte de quem vê a série em maratona. Quem vê um por semana fica sofrendo de ansiedade para ver o próximo.

P.P.S.: Quem quiser dar uma olhada nos meus indicados para o Alfred, o prêmio promovido pela Liga dos Blogues Cinematográficos, eles estão escondidinhos neste link.

Nenhum comentário: