sábado, abril 14, 2007

EXILADOS (Exiled / Fong Juk)



Aproveitando que passei o sábado praticamente inteiro em casa - só saí pra fazer uma caminhada de mais ou menos uma hora por orientação médica -, não custa nada me ocupar atualizando o blog. E hoje eu peguei pra assistir EXILADOS (2006), um dos mais recentes filmes de Johnnie To e também um dos mais elogiados pela crítica e pelos fãs do cineasta. O incansável To não faz corpo mole e lança tantos filmes que acaba sendo uma tarefa complicada ir atrás de seus trabalhos dos anos 80 e 90, já que só recentemente seu nome se tornou mais popular no Brasil. Mas é a tal coisa: antes tarde do que nunca conhecer o trabalho do homem.

EXILADOS é um filme de gângster que presta tributo ao western spaghetti, tanto pela utilização dos planos à Leone, quanto pela trilha sonora que remete à música americana das regiões desoladas. O filme se passa no ano de 1998, quando Macau está prestes a ser transferida de volta para a China, depois de mais de 400 anos de administração portuguesa. Engraçado que dois dos cineastas mais importantes de Hong Kong - Johnnie To e Wong Kar-wai - encaram com um misto de saudosismo e preocupação essa passagem desses dois territórios para o domínio chinês.

Na trama de EXILADOS, dois homens são enviados pelo chefão vivido por Simon Yan (ELEIÇÃO, 2005) para matar Wo (Nick Cheung, de BREAKING NEWS, 2004). Wo é um renegado da máfia. Ele abandonou tudo para se dedicar à esposa e à criança recém-nascida. Os homens enviados para matá-lo logo se encontram com outros dois sujeitos, que estão ali para proteger o rapaz. Depois de um tiroteio de leve para fazer um aquecimento, os quatro se vêem num dilema: devem matar o companheiro e continuar vivos e com o seu trabalho ou abandonar o trabalho, salvar o amigo e tornarem-se procurados pelos mafiosos?

Pra quem achou ELEIÇÃO parado, tenho certeza que não vai reclamar da ágil movimentação de EXILADOS, que é um filme que vai ficando melhor a cada minuto. Gosto muito do terço final, quando já estamos mais familiarizados com os personagens e o filme desce mais redondo. No começo, eu achei um pouco confuso e o estilo leoniano das primeiras cenas é bonito de se ver e tudo, mas também favorece bastante a dispersão. Quando eu me dava conta, estava com a cabeça em outro lugar, coisa bem comum nessa semana bastante conturbada que estou vivendo. Mas talvez o que me deixa menos empolgado com os filmes de Johnnie To é que, apesar de reconhecer a sua excelência na direção, ainda acho seus trabalhos um tanto quanto frios e cerebrais. Ainda assim, não tem como não dizer que EXILADOS é filmão. E é muito legal ver um filme made in Hong Kong que aproveita aquela arquitetura colonial de Macau, que faz lembrar até as cidades históricas do Brasil.

Agradecimentos ao amigo Renato pela cópia.

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