quarta-feira, novembro 08, 2006

O MUNDO ODEIA-ME (The Hitch-hiker)



Só conhecia Ida Lupino por sua performance em O ÚLTIMO REFÚGIO (1941), de Raoul Walsh. Não sabia que ela, além de ótima atriz, era também compositora e a mais prolífica das diretoras americanas. Entre produções para cinema e televisão, no IMDB constam 36 títulos dirigidos por ela. Não deixa de ser bastante curioso o fato de uma mulher, em plenos anos 40 e 50, ter dirigido tantos filmes. E muitas vezes com ótimo resultado. Lupino era conhecida por seu caráter obsessivo, seja atuando ou dirigindo. O MUNDO ODEIA-ME (1953) é o mais célebre de seus trabalhos. Martin Scorsese é um entusiasta dos filmes de Lupino, e em especial de O MUNDO ODEIA-ME.

Na trama, dois amigos oferecem carona - sem saber, claro - a um maníaco conhecido como "o caronista", procurado pela polícia dos EUA. O criminoso pedia carona nas estradas, matava o motorista e roubava os seus pertences. Os dois amigos nada têm a fazer senão obedecer as ordens do bandido, que tem um olho mais baixo que o outro, um olho que não fecha. Esse detalhe vai ser bastante importante na cena em que os três precisam parar para dormir na estrada e as vítimas não sabem se o criminoso está dormindo ou se está olhando para eles.

O MUNDO ODEIA-ME tem uma economia de cenas bem característica dos filmes noir desse período. Tem a rapidez de filmes como CURVA DO DESTINO, por exemplo. Até mesmo em se tratando da duração - apenas 71 minutos. Em menos de cinco minutos de filme, a situação já está toda armada. Lupino fez um estudo sobre três tipos de masculinidade na relação desses três homens que têm motivos suficientes para estarem muito estressados. (Na verdade, eu li isso em algum lugar, mas não saberia distinguir esses três tipos de masculinidade.) Interessante notar também que o filme não mostra de maneira inferior os mexicanos, como é comum nos filmes americanos. Os mexicanos são os verdadeiros heróis do filme, que tem boa parte das locações em território mexicano. O roteiro foi inspirado num caso real.

Agradecimentos especiais a Carol Vieira, que me emprestou o filme, gravado do canal RetroTV.

P.S.: Está no ar a segunda edição da revista ZINGU! Não deixem de conferir.

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