terça-feira, agosto 01, 2006
TRÊS NACIONAIS
Como foi discutido nas novas edições da Contracampo e da Cinetica, o cinema nacional está passando por uma fase, digamos, curiosa: há muitos filmes produzidos, mas poucas pessoas estão saindo de casa para ver esses filmes. Na minha cidade, por exemplo, a maioria desses filmes não são sequer exibidos. A CONCEPÇÃO (2006), eu sei que vai ser exibido e tem previsão de estréia por aqui para a próxima sexta-feira. TAPETE VERMELHO (2006), acho que não passa e BENDITO FRUTO (2005) chegou direto em DVD. CRIME DELICADO, de Beto Brant, é um dos filmes que eu mais aguardo chegar aqui, mas já estou perdendo minhas esperanças. BENS CONFISCADOS, de Carlos Reichenbach, pelo menos eu vi quando foi exibido no Cine Ceará do ano passado. Acho muito difícil passar no circuito comercial de Fortaleza. VENENO DA MADRUGADA, de Ruy Guerra, é outro que eu queria muito ver, mas que tem pouquíssimas chances de exibição. O que tem salvado é o mercado de vídeo, ainda que a maioria das locadoras não se disponha a adquirir os filmes brasileiros pela pouca procura. Talvez a saída para o nosso cinema seja fazer filmes mais comerciais, mais apelativos até, mas sem deixar de fora o lado autoral e a qualidade da obra. Não adianta conseguir patrocínio do governo e de várias empresas e não conseguir que o filme seja exibido ou que dure mais de uma semana em cartaz. Mas é uma situação muito complexa. Falemos dos três filmes em pauta.
A CONCEPÇÃO
O filme de José Eduardo Belmonte pode não ter sido bem sucedido em tudo, mas é um filme que se arrisca, que procura novos caminhos de se fazer cinema. Eu estava esperando mais desse filme. Logo, acabei ficando um pouco decepcionado. Mas é um filme que eu até veria de novo, com todo prazer. O que eu mais gostei em A CONCEPÇÃO foi da beleza exuberante de Rosanne Holland, que interpreta um dos integrantes do grupo de X (Matheus Nachtergaele). Na trama, X idealiza um movimento chamado Concepcionismo, que prega a morte do ego e o caminho dos excessos. Conforme dizia William Blake, esse caminho leva à sabedoria. Achei interessante a premissa, o estilo diferente de direção e montagem e a ousadia nas cenas de sexo. Pena que o filme vai cansando um pouco do meio pro final, me deixando pouco satisfeito com o resultado.
TAPETE VERMELHO
Mais simpático do que realmente bom, TAPETE VERMELHO conta a história de um caipira (de novo Matheus Nachtergaele) que quer levar o filho para a cidade grande pra ver um filme do Mazzaropi no cinema. Mal sabe ele da dificuldade de se encontrar uma sala que exiba esse tipo de filme hoje em dia. Gorete Milagres (a eterna Filó, do programa Ô COITADO!) é Zulmira, a esposa do caipira. Ela tem resistência a ir para a cidade grande e acha que o marido está ficando maluco. No começo, me incomodou um pouco a presença de Gorete que faz um tipo de humor que não me faz rir - na época do programa humorístico, eu gostava mais de ver o Moacir Franco. Já Nachtergaele faz um caipira entre o sério e o caricato. Um detalhe curioso do filme e que o torna mais interessante é a inclusão da mitologia fantástica sertaneja, como na cena em que uma cobra entra pela janela para sugar o leite do peito da mulher ou na cena em que o diabo tenta o protagonista em troca de sucesso material. Vi o filme em companhia dos amigos Michel e Renato no meu último dia em Sampa.
BENDITO FRUTO
Outro filme bem simpático esse BENDITO FRUTO. Corajosa da parte dos realizadores do filme a escolha de não utilizar galãs e mulheres bonitas. Talvez isso tenha sido uma das razões do insucesso do filme nos cinemas. Mas Otávio Augusto é sempre muito bom. Adorei o papel que ele fez em O PRÍNCIPE, do Giorgetti. Nesse longa de estréia de Sérgio Goldenberg, Otávio é Edgar, um cabeleireiro dono de um salão de beleza que namora Maria (Zezeh Barbosa). A relação dos dois entra em crise quando surge uma amiga do passado de Edgar (Vera Holtz), uma mulher solteirona que está no Rio de Janeiro passando férias. Ela acaba ficando interessada em Edgar e confunde Maria com uma empregada. Pra completar a confusão, aparece o filho de Maria, que é gay e sua mãe ainda não sabe. Ele namora um galã de novela (Eduardo Moscovis). Camila Pitanga também está no filme num papel secundário.
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