segunda-feira, junho 06, 2005
A PESSOA É PARA O QUE NASCE
Fim de semana bem agitado por conta do Cine Ceará. E também por eu já estar com o espírito bem inquieto esses dias. Ando sem muita paciência para ler ou para ver filmes que não seja no cinema. Ainda assim, vi um filme em casa no domingo, mas desse eu comento depois. Vamos começar com o meu primeiro dia no XV Cine Ceará, que aconteceu na noite de sábado. Esse ano, o festival está com uma seleção de filmes bem interessante. E todos já devem sabem o quanto eu estou ansioso para ver o filme do Carlão, o BENS CONFISCADOS. Por ora, enquanto o futuro não chega, vamos de passado. Como ando bem atarefado esses dias, não reclamem se eu soar ainda mais superficial do que eu já costumo ser.
A PESSOA É PARA O QUE NASCE (2004), de Roberto Berliner, é mais um bom documentário dessa atual fase fértil do gênero aqui no Brasil. E acredito que seja um dos melhores, entre os mais recentes. Já estreou em São Paulo na última sexta-feira e as três protagonistas do filme, as ceguinhas Maria, Regina e Conceição, até já estiveram no programa do Serginho Groissman no último sábado.
O filme mostra a história dessas três irmãs cegas que vivem de cantar e tocar ganzá em troca de esmolas em feiras do Nordeste brasileiro. O filme expõe muito da intimidade das mulheres, o que às vezes chega a incomodar. Difícil não ficar cismado quando vemos elas deitadas no gramado, como se estivessem em poses sensuais, contando sobre suas vidas. Uma delas, inclusive, foi casada duas vezes, sendo que em uma delas com um deficiente visual.
A PESSOA É PARA O QUE NASCE também mostra o efeito que o filme causou na rotina das três, fazendo com que elas ficassem famosas da noite para o dia, indo fazer shows em Salvador e São Paulo. Uma delas chegou até a ficar apaixonada pelo diretor do filme. Essa é apenas uma das várias cenas que exageram na exposição dessas pobres mulheres. Numa cena cômica, mas com um quê de sádica, uma delas tenta atender o telefone num quarto de hotel, sem ter a menor noção de como fazer isso.
O filme demorou 8 anos para ficar pronto. Começou como um curta-metragem em 1997, e depois foi se transformando num longa à medida que Berliner foi filmando quase que interminavalmente as irmãs com o passar dos anos. O filme tem tantos saltos no tempo que eu já estava imaginando que uma delas já poderia ter morrido, o que não foi o caso. Elas continuam bem vivas, ainda que suas vidas não tenham mudado financeiramente para melhor. Numa das últimas filmagens, vemos duas delas sentadas na calçada pedindo esmolas, em Campina Grande.
De todo modo, é possível que elas melhorem de vida se o cd do filme fizer sucesso. Trata-se de um álbum duplo, contendo, no primeiro disco, as canções de Maria, Regina e Conceição, cantadas por elas mesmas, e no segundo disco, vários artistas famosos, como Paralamas, BNegão, Mombojó, Lenine, Otto, Pedro Luís e a Parede, Elba Ramalho, Pato Fu, entre outros, interpretando suas canções. Vale dizer que no site oficial do filme, é possível fazer download de algumas faixas, inclusive da que eu mais gostaria de ter em cd: a do Pato Fu.
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