sexta-feira, fevereiro 11, 2005

SCORSESE, EASTWOOD E PAYNE

 

Recentemente vi esses três filmes de cineastas que estão concorrendo ao prêmio de melhor diretor no Oscar desse ano. Os três têm estilos bem diferentes. Principalmente Alexander Payne, que é um diretor de outra geração, e por mais que digam que ele é um talento promissor, é difícil imaginar que ele um dia vai fazer obras-primas como Scorsese e Eastwood. Quanto aos veteranos, quem estreou primeiro na direção de longa-metragem foi Scorsese com este QUEM BATE À MINHA PORTA? (1969). Clint fez seu début na direção em 1971, com PERVERSA PAIXÃO, já tendo bastante experiência como ator desde os anos 50. O que o alavancou para o mundo foi a trilogia dos dólares de Sergio Leone, nos anos 60. 

QUEM BATE À MINHA PORTA? (Who's That Knocking at My Door?) 

Esse é um filme bem estranho. É irregular por ser uma colagem de filmagens feitas em épocas diferentes. A parte de Harvey Keitel com os amigos, que mais parece um vídeo caseiro, é meio chata. Essa parte, feita em 1965, era o filme de fim de curso de Scorsese. Posteriormente, ele foi adicionando novas cenas. Gosto bastante das cenas de Keitel e Zina Bethune conversando no banco de uma praça. Daí é que se vê de onde Tarantino tirou as idéias para compor o seu CÃES DE ALUGUEL. A conversa gira em torno de John Wayne e do filme RASTROS DE ÓDIO, de John Ford. Fica evidente que Scorsese, bom cinéfilo que é, quer homenagear os seus ídolos. Essa cenas são embriões do grande cineasta que surgiria. Inclusive, há a figura do anti-herói dos filmes de Scorsese, geralmente um sujeito violento e machista. Sente-se no filme uma vontade de inovar, com o uso de tomadas criativas. Uma outra seqüência do filme, a que mostra Keitel deitado na cama com umas mulheres nuas ao som de "The End", dos Doors, foi a última a ser incluída no filme. Os produtores acharam por bem adicionar esses elementos de sexo, drogas e rock and roll, que estavam em voga na época, por causa da nova tendência de trazer a contracultura para o cinema, nos EUA. No DVD da Warner tem um documentário bem interessante sobre as filmagens, como também comentário em áudio de Martin Scorsese e do assistente de direção Mardik Martin. Mas o áudio, achei difícil de ativar, além de vir sem legendas. 

BRONCO BILLY 

Que belo filme esse BRONCO BILLY (1980). Talvez o mais simples dos filmes de Eastwood, mas extremamente prazeiroso. Na história, Bronco Billy (Clint) é o chefe de um grupo que faz shows intinerantes do oeste selvagem, como um circo. Junta-se acidentalmente ao grupo - formado por homens que já cumpriram pena na prisão - a personagem de Sandra Locke. Ela vai ser a assistente de Bronco Billy. A história não é muito bem resolvida - não convence, por exemplo, aquela história de a polícia acreditar que Sondra tinha morrido sem ter um corpo para comprovar -, mas percebe-se no ar o carinho que o diretor sente pelos personagens e isso é contagiante. A própria persona de Eastwood já é, em si, um destaque no filme. Difícil não admirá-lo. Eu, por exemplo, várias vezes disse que queria ser Clint Eastwood vendo algumas de suas performances, principalmente quando ele era mais jovem, nos filmes do Leone. Um dia desses, o Francis, do blog Celulóide Cortado, falou: "Notei uma coisa muito engraçada: a relação dos críticos e blogueiros com Clint Eastwood (inclusive deste aqui) às vezes é quase homossexual." Achei bem engraçada essa afirmativa. Gravado do SBT. 

ELEIÇÃO (Election) 

Alexander Payne pode até não ser um grande diretor, mas os seus filmes são muito bons de se ver. Talvez ELEIÇÃO (1999) seja o melhor dele. Parece que sua especialidade é falar de losers. Foi assim com o Jack Nicholson entrando na aposentadoria de AS CONFISSÕES DE SCHMIDT (2002) e com o deprimido e travado Paul Giamatti em SIDEWAYS (2004). Não vi RUTH EM QUESTÃO (1996) pra confirmar essa tendência, mas gostei muito de ver Matthew Broderick, o menino rebelde de CURTINDO À VIDA ADOIDADO, vivendo um professor dedicado, quarentão e um pouco insatisfeito com sua vida monótona. A trama do filme gira em torno de uma eleição para presidente do corpo de estudantes da escola. O filme é cheio de situações engraçadas e Reese Whiterspoon consegue ser mesmo irritante como a estudante c.d.f. da escola. Visto em VHS.

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