Estava lendo há pouco o livro "Um filme é um filme", de José Lino Grünewald, e achei interessante o que o autor falou sobre o thriller - e não o western - ser o gênero cinematográfico por excelência, já que esse gênero "apenas pôde nascer e desfechar a sua catarse específica através do instrumental da linguagem do filme". E eu fico feliz ao ler isso, já que o cinema de suspense/horror é um dos meus gêneros preferidos, ainda que eu também tenha especial carinho pelo western e pelo melodrama.
E foi justamente um thriller a grande surpresa desse fim de semana pra mim. Pela falta de "verba orçamentária", tive de ficar em casa no sábado e acabei vendo alguns ótimos filmes do meu acervo de fitas/divx. O ruim é que o meu computador parece que está com problema de memória. Alguns filmes em divx não rodam direito, ficam lentos ou pulando. Por conta disso, filmes como EL TOPO, O INQUILINO, FREAKS e INCUBUS vão ficar "na geladeira" por um tempo. Sorte que pude ver HAUTE TENSION tranqüilamente do cd-rom. E olha que a imagem está linda, de dar gosto mesmo. Acho que é o filme com imagem mais bonita que eu tenho nesse formato. A qualidade perfeita da imagem do filme não pesou nem um pouco na minha máquina. Outra coisa: sempre que vejo um filme no computador, dou pelo menos uma paradinha pra beber água ou lavar o rosto no meio do filme, mas com HAUTE TENSION, eu simplesmente não conseguia desgrudar os olhos da tela, nem a bunda da cadeira.
HAUTE TENSION (2003) é um magnífico slasher francês dirigido por um sujeito chamado Alexandre Aja. Ouvi dizer que Aja foi contratado para dirigir a refilmagem do clássico QUADRILHA DE SÁDICOS (1977), de Wes Craven. E apesar de o filme nem ter estreado ainda na terra do Tio Sam, deu pra perceber que os caça-talentos americanos sacaram a habilidade de Aja em conduzir tão bem o suspense nesse filme com pouquíssimos diálogos, muito gore e, claro, muita tensão.
A história é bem simples: duas moças, Alex (Maïwen Le Besco) e Marie (Cécile de France), vão para a casa de campo da família de Alex para descansar e estudar. Alex, no entanto, está inquieta e achando que vai ficar entediada num lugar que não tem muito o que se fazer. Porém, o tédio vai passar longe daquele lugar. Durante a madrugada, depois de Marie fazer aquela masturbaçãozinha básica ouvindo reggae, um sujeito entra na casa, mata o pai de Alex e sai matando quem está na casa. Algumas das cenas de morte são realmente aterrorizantes e o filme é um dos mais sangrentos que eu já vi nos últimos tempos. A cena da morte do pai de Alex, por exemplo, é fantástica. Lembra a beleza estética sádica de caras como Lucio Fulci e Takashi Miike. No final, há uma surpresa que vai deixar todo mundo de queixo caído, ainda que muita gente ache que o final chega a estragar o filme inteiro.
É bom ver que essa nova geração de diretores de terror está homenageando os grandes clássicos dos anos 70. Até o slasher, subgênero que parece que tinha morrido com a trilogia PÂNICO, agora está de volta com força total. Filmes como O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (homenageado em HAUTE TENSION), DAWN OF THE DEAD e agora o QUADRILHA DE SÁDICOS vêm recebendo remakes de respeito e várias citações, e realizadores como Aja, Rob Zombie, Eli Roth, Rob Schmidt e Gaspar Noé estão trazendo sangue novo para o gênero.
Pra encerrar, não posso me esquecer de duas coisas: a) destacar a beleza e a performance de Cécile de France, que com seu corte de cabelo à Jean Seberg, arrebenta nesse filme; e b) agradecer ao Fábio Ribeiro que foi super-gente-fina ao ter me enviado esse filme como surpresa.
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